Tocantins
26.01.2022O governador Wanderlei Barbosa, que participou da cerimônia de Formatura do Curso Normal em Nível Médio Magistério Indígena, de 81 indígenas, anunciou ações de valorização para todas as etnias, entre elas, a transformação da Gerência Estadual Indígena em diretoria, um espaço mais amplo para atender os anseios de todos os povos do Tocantins. A solenidade de formatura que contou que a presença de deputados estaduais, lideranças municipais, professores e alunos foi realizada na noite desta terça-feira, 25, no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente Warã (Cemix), em Tocantínia.
Os estudantes formandos são das etnias Apinajé, Javaé, Karajá, Karajá Xambioá, Krahô e Xerente. O curso Magistério Indígena está sendo ofertado pelo Governo do Estado desde 1998, tem duração de três anos. E nesses 24 anos de existência, passaram pelo curso 334 estudantes, que atualmente, estão compartilhando o conhecimento em suas aldeias.
O secretário da Educação, Juventude e Esportes Fábio Pereira Vaz falou de sua satisfação em conhecer o trabalho desenvolvido no Cemix, que atende atualmente 500 estudantes com ensino fundamental segundo segmento, ensino médio integrado com os cursos de enfermagem e informática, e que no período de férias acolhe os estudantes do magistério. “Fiquei feliz em ver o esforço de toda a comunidade indígena, de conhecer mais sobre a sua realidade. Essa escola abriga todos os meses de janeiro e julho alunos de todas as etnias, que deixaram as suas aldeias e vieram buscar o sonho que é a formatura. Ressalto essa valorização cultural presente na escola, os estudantes se encontram, se interagem e acontece o resgate cultural. Acreditamos que a educação promoverá uma maior integração entre os alunos e ampliará o desenvolvimento cultural com os conteúdos trabalhados de forma bilíngue. E nesse curso, passaram indígenas, que inspirados no conhecimento adquirido, continuaram estudando, e hoje estão na graduação, no mestrado e no doutorado e levando esse conhecimento para as aldeias”, enfatizou Fábio Vaz.
O governador Wanderlei Barbosa destacou o valor da cultura indígena para todos os brasileiros. “Esse é um momento especial, porque estamos formando novos professores, que tem a responsabilidade de continuar educando, de não deixar morrer a cultura indígena, principalmente, de manter a língua materna. Que vocês tenham orgulho de serem professores, de ajudar a ensinar as crianças indígenas e a população futura. Vocês hoje, se pintaram para participar dessa solenidade, essa pintura representa um orgulho para todos os brasileiros e digo que temos respeito por tudo o que vocês fazem”, ressaltou o governador.
A diretora regional de Educação de Miracema, Elvina Gomes de Souza, também falou sobre a cultura. “Esses são estudantes que tem fluência bilíngue em Língua Portuguesa e materna. E esse conhecimento será levado para as aldeias de todas as etnias, ampliando as oportunidades”, frisou.
Waxiy Maluá Karajá, gerente de Educação Indígena contou que essa formatura teve um significado especial, por causa dos desafios provocados pela pandemia da Covid 19. “Conseguimos manter as atividades presenciais e formamos 81 novos estudantes, que retornam para as suas comunidades qualificados e aptos para trabalhar. E para oferecer esse curso de forma presencial para alunos de vários locais do estado, contamos com a parceria da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Secretaria Municipal da Educação de Tocantínia”, comentou Waxiy. Ele também destacou o empenho da Secretaria da Educação com a logística de matérias, alimentação e transporte para que os estudantes pudessem concluir o curso.
Conquistas
Para o estudante Mauro Ihtot Krahô, voltar para a sua aldeia levando o certificado é motivo de grande realização. “Agradeço ter mais esse conhecimento para ser professor. É uma experiência que vou levar para a comunidade. Estou feliz por ter conseguido concluir o curso”, contou.
A aluna Marta Myixá Karajá, que representou a etnia Karajá de Xambioá, também estava feliz com a formatura. “Fui professora por três anos, trabalhava numa creche. Aqui aprendemos que podemos sonhar e continuar estudando. Estou me sentindo realizada por ter concluído o curso”, comentou.
Maria Istélia Coelho Folha, professora e coordenadora do curso, destacou a história do curso nos seus 24 anos de existência. “Presenciamos a evolução dos estudantes, alguns continuaram seguindo a carreira de magistério. Atualmente temos no Estado, 75 professores indígenas efetivos, todos com qualificação para estarem em sala de aula. E os indígenas que estão na escola e que concluíram o curso de magistério tem um acréscimo de 20% no salário. E estamos presenciando cada vez mais o aumento no número de mulheres que estão ingressando no curso. É isso que é importante na vida, contribuir para o crescimento e evolução dos povos indígenas”, explicou Istélia.