Amazonas
19.07.2019Começou hoje (18/07) o terceiro Festival “Por Dentro da Abolição da Escravidão no Amazonas”, evento que exalta a importância e o legado da cultura negra em nossa sociedade. Reunindo poesia, dança e teatro, alunos das escolas estaduais da rede pública se apresentaram durante todo o dia no Cineteatro Aldemar Bonates, no Centro Estadual de Convivência da Família Magdalena Arce Daou, na avenida Brasil, zona oeste de Manaus.
As sete Coordenadorias Distritais de Educação (CDE) de Manaus da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-AM) realizaram suas seletivas nas instituições dos ensinos Fundamental (1 e 2) e Médio ao longo do último mês. Segundo o diretor do Departamento de Políticas e Programas Educacionais (Deppe), Nilton Carlos da Silva Teixeira, foi um intenso trabalho realizado nas escolas que, mesmo com a greve, continuaram firmes em seus propósitos de levar o preconceito e o racismo à reflexão dos estudantes.
“Nestes dois dias de Festival, os alunos mostram a história de como o Amazonas e o Ceará foram dois estados que aboliram a escravidão quatro anos antes da Princesa Isabel. A importância é grandiosa: é preciso ressaltar que pessoas foram escravizadas e, ainda assim, fizeram e fazem História em todo o mundo, com uma cultura riquíssima, enraizada em nosso dia a dia”, assinalou Teixeira.
Danças em destaque – A atração convidada da primeira manhã do evento foi a Dança da Escola Estadual de Educação Especial Diofanto Vieira, da Coordenadoria Distrital de Educação (CDE) 1. Os alunos dançaram ao som de “Identidade”, música do cantor e compositor Jorge Aragão. A representação contou com capoeira, coreografia e a entrega das “correntes que aprisionavam” os alunos.
Antes da apresentação, a gestora Maria Walterlice de Oliveira conta ter visitado o Barranco de São Benedito, quilombo remanescente que fica no bairro Praça 14 de Janeiro, onde captou informações sobre o porquê de comemorarmos a abolição no Amazonas.
“Passamos a experiência aos alunos, que desenvolveram pinturas e desenhos. Porém a dança foi a arte mais marcante: mesmo com todo o sofrimento, o negro nunca perdeu o ânimo para o bailado”, explicou. A apresentação da Equipe de Dança e Teatro teve como professoras responsáveis Naiene Monteiro e Luciana Lima.
Representando a CDE 5, a Escola Estadual Myrthes Trigueiro apresentou, em sua dança “Canto das 3 raças”, a história da escravidão realizada pelos brancos a pessoas negras, a mistura com os indígenas e a libertação das duas raças.
Ao fim, todos os estudantes dançaram juntos a música “Waka Waka (This time for Africa)”, interpretada pela cantora Shakira em homenagem à Copa do Mundo de 2010. O evento foi sediado na África do Sul, tendo partidas realizadas em outras nove cidades do continente.
Rimas à flor da pele – Representando a CDE 1, a Escola Estadual Princesa Isabel apresentou sua mostra de dança e destacou a poesia das alunas Rayca e Lavínia de Lira, “Memória Liberta”.
“Minha colega e eu nos unimos para escrever o poema, depois de termos orientações dos nossos professores. Fiquei muito nervosa e ao mesmo tempo muito feliz em tê-lo apresentado no palco do Festival”, conta Lavínia.
A mãe da estudante, Monik Dozani de Lira, acompanhou Lavínia no processo de criação das rimas, auxiliando nas pesquisas e, depois, prestigiando a filha em sua apresentação no Centro de Convivência. Monik considera o Festival “uma excelente maneira de aprendizagem e de valorização da cultura” e disse ter se impressionado com a qualidade dos trabalhos dos outros alunos e professores.
O poema de Danyela Alessandra, da EETI Roxana Bonessi (CDE 2), foi “Grito de Liberdade”; o de Singrid Fernanda (da Escola Nossa Senhora das Graças – CDE 3) foi intitulado “Escravidão dos negros: A liberdade vai crescer e florescer e o preconceito desaparecer”; e Emanuelle Maciel, da EETI Adonay Polliti (CDE 4), recitou “Amazonas”.
Kauã Alves, da Escola Bernadete Trindade (CDE 5), apresentou a poesia que criou para o Festival. O poema “O fim do sangue na floresta” foi escrito por alunos da Escola Wilma Geber (CDE 6). Do EETI Rafael Henrique (CDE 7), Anna Luíza Pimenta recitou “Fim da Escravidão”, considerado um dos destaques do evento pela professora de Artes da Seduc-AM, Cristhiane Barreiros.
Mais programação – Criado em 2017, o Festival tem como objetivo evidenciar a herança deixada pelos negros após a abolição da escravidão no Amazonas, no dia 10 de julho de 1884. Ao todo, 77 performances compõem a programação do evento, distribuídas em cinco categorias: poesia, música, dança, teatro e mostra de cartazes.
No primeiro dia aconteceram as apresentações dos estudantes do Ensino Fundamental I, pela manhã, e do Fundamental II, a tarde. Nesta sexta-feira (19/07), a programação contará com os alunos do Ensino Médio, também representando as sete Coordenadorias Distritais da capital.
FOTOS: Augusto Antonaccio/Seduc-AM