Sergipe
05.06.2024As experiências exitosas do Programa Sergipe na Idade Certa (ProSic) foram apresentadas no Seminário Nacional ‘Trajetórias de Sucesso Escolar’, realizado na terça-feira, 4, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Instituto Claro, em São Paulo. A convite do Unicef, Sergipe apresentou a metodologia e os avanços do programa estadual que visa à correção do fluxo escolar de alunos que estão na idade em distorção com a série que deveriam cursar.
Entre os sete estados brasileiros acompanhados pelo Unicef, Sergipe tem se destacado por apresentar a maior correção da distorção idade/série com alunos do fundamental nos anos finais. Em 2019, o Censo Escolar apontava que o estado apresentava uma distorção de 46,1% em 2019 entre estudantes nessa fase do ensino fundamental. Em 2023, Sergipe reverteu o quadro, fez o dever de casa junto ao Programa Sergipe na Idade Certa e conseguiu reduzir nesta fase para 27,2%, ou seja, uma queda positiva de 18,9 pontos percentuais.
O coordenador do ProSic, professor Everton Pereira, lembrou que já passaram 45 mil alunos pelo programa sergipano, e quanto mais estudantes enturmados, menor é a distorção da idade/série. “Apresentei a metodologia sergipana na última mesa, justamente que trata também sobre o regime de colaboração com os municípios, porque é dentro dos municípios que começam as distorções. É preciso uma força-tarefa”, analisou.
Metodologia sergipana
Calcula-se a distorção com base nos dados do indicador do EducaCenso – plataforma institucional do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que compreende por distorção idade/série a situação em que o estudante se encontra com dois anos ou mais de atraso escolar.
Com mais turmas abertas e alunos enturmados no ProSIC, além da ampliação do regime de colaboração com os municípios, a previsão é de que os dados continuem em queda positiva.
Em 2023, os números do ProSic aumentaram de 168 escolas atendidas para 174 escolas da rede, beneficiando 465 turmas divididas em ensinos fundamental e médio; ou seja, são mais 12.900 alunos que participam das estratégias que garantem os avanços na aprendizagem de forma mais equitativa e adequada à idade.
A Escola Estadual Poeta Garcia Rosa, em Aracaju, é uma das unidades de ensino da rede estadual que recepciona o programa e observa resultados positivos com uma metodologia voltada a ensinar de forma mais individualizada e com turmas destinadas aos alunos do programa.
“A gente tem três turmas do Fundamental do ProSic 1, 2 e 3. O destaque nosso é que temos o reforço de letramento e numeramento e conseguimos resgatar os alunos que estavam à margem do aprendizado por algum motivo, até mesmo, por vezes, familiar ou social. Quando eles chegam à escola no ensino regular, não conseguem acompanhar e temos de fazer um trabalho diferenciado”, explica a diretora Márcia Candia.
O coordenador da escola, Agnaldo Júnior, e a professora Elaysa Ferreira Lima estiveram no seminário em São Paulo acompanhados do aluno Ygor Batista Paschoal. Para Elaysa, o primeiro avanço do programa estadual de Sergipe é fazer o resgate do aluno para que ele se identifique com a escola e os estudos. “Muitos deles não se enquadravam nas turmas do ensino regular; muitos têm dificuldades com leituras, e aumentando a autoestima faz com que eles vejam a escola com outros olhos. Faz toda a diferença”, destaca.
Foi o que aconteceu com o aluno Ygor Batista, que não se sentia bem em ir à escola por ter dificuldade no aprendizado. O estudante foi inserido nas turmas do ProSic e hoje consegue ler palavras, tem aumentado a fluência no português e em breve irá cursar a 1ª série do ensino médio. “Fico muito feliz por hoje poder ler. Espero que tenham mais avanços”, afirmou.