Bahia
17.11.2020A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) realizou, nesta terça-feira (17), a terceira atividade relacionada ao Novembro Negro, com uma live para debater o tema: “Relatos de experiências escolares e produções baianas na promoção da história e cultura afro-brasileira e africana - uma perspectiva pedagógica”. A atividade, realizada no canal do Youtube da instituição (www.youtube.com/educacaobahia1), contou com as participações do presidente do Olodum, João Jorge; da professora Maria Isabel Gonçalves, vencedora do Prêmio Educador Nota 10; da coordenadora do Livro Didático e Biblioteca da SEC, Alessandra Santana; e com uma apresentação cultural do músico Maurício Lourenço.
O momento foi iniciada com a interpretação de Maurício Lorenzo para a música "Canavial", que relata a diáspora do povo africano, seguida pela explanação de Alessandra Santana sobre o processo de escolha dos livros pelas escolas e materiais de referências, que estão à disposição das comunidades escolares para o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana.
O presidente do Olodum, João Jorge, apresentou cartilhas e quadrinhos produzidos pela instituição e ressaltou que o principal projeto do bloco afro não é a música, o teatro ou os carnavais, mas a educação. “Desde 1984 construímos materiais didáticos para universalizar o conhecimento e lutar contra o racismo e a intolerância. Temos materiais sobre a Revolta dos Búzios, Malês, Revolta da Chibata e Zumbi. Nossos carnavais trazem temas que fazem parte de uma história universal. Quando iniciamos a escola no Pelourinho pensamos: o que falar de África? Cultura negra? E quem foi o quê? Precisávamos transmitir um conhecimento para que o nosso jovem se encontrasse em sua própria história. Porém, tínhamos todo um processo educacional instituído através de uma visão europeia, dos dominadores portugueses na Bahia e da visão das elites baianas. Foi então que tivemos que reinventar os modelos de educação e conteúdos. Para lutar contra o racismo é preciso de conhecimento, informação de base. A educação é a principal ferramenta para desmontar a crença de superioridade de um e a inferioridade do outro”, relatou João Jorge.
Maria Isabel, professora de Filosofia do Colégio Estadual Rui Barbosa, no município de Boninal, falou sobre práticas realizadas na comunidades para resgatar narrativas. “Ter um mês temático como o Novembro Negro é muito importante para dar visibilidade a diversas ações que já vêm acontecendo nas escolas e nos movimentos sociais, que inspiram a gente a continuar reinventando as formas de estar no mundo e de nos relacionar. O Novembro Negro é uma carta de esperança para o mundo. No interior das comunidades quilombolas em Boninal, na Chapada Diamantina, a memória é sua maior riqueza, nos relatos iluminados pela recordação. Assim, a exemplo da Lei n° 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras dentro dos contextos educacionais, eu queria que os meus alunos fizessem essa descoberta voltando-se para o próprio legado que eles carregam em suas próprias famílias e comunidades”.
O debate, mediado pela diretora de Currículo, Avaliação e Tecnologias Educacionais da SEC, Jurema Oliveira Brito, apresentou para a comunidade escolar algumas possibilidades para inspirar educadores e estudantes com a temática. “A live é uma das atividades que visam resgatar e valorizar as contribuições do povo negro e debater todos os enfrentamentos que a população continua atravessando. Nossa pretensão foi apresentar algumas produções baianas que podem sensibilizar as escolas para que elas tratem as relações eticno-raciais e trabalhem os temas em seus contextos escolares”, afirmou Jurema.
A próxima live temática será no dia 25 de novembro, às 15h, no canal oficial da Secretaria da Educação no Youtube. Os convidados vão debater a “História da educação do negro e as políticas para a Educação na Bahia”. Para saber mais, acesse a programação completa em: https://bit.ly/3f9HEsw .