Projetos de escolas estaduais em educação ambiental são expostos na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro

Pará

21.08.2024

Na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, escolas estaduais expuseram, na  segunda-feira (19), trabalhos escolares desenvolvidos em projetos que visam uma educação com conscientização ambiental, soberania alimentar e conhecimento ancestral.

Em Ananindeua, estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Icuí Laranjeiras, elaboraram um livro de poesias autorais, sobre o meio ambiente, e apresentaram no estande da Secretaria Estadual de Educação do Pará (Seduc). O material autoral é fruto de um projeto da escola chamado “Conversas Literárias”, que acontece no decorrer do ano letivo e engaja todas as turmas da escola, aproximadamente 317 estudantes.

Intitulado “Probleminhas Ambientais em versos Amazônicos”, o livro é impresso em papel reciclado, o que reforça a conscientização sobre sustentabilidade. Nessas folhas estão a percepção e preocupação de crianças sobre a agenda climática, que de forma poética, multiplicam a conscientização de preservação do meio ambiente. 

Entre as poetisas do livro está Anna Franciny, que gosta de ler e se diz encantada com a experiência de participar da Feira do Livro. “Estou achando muito legal, divertido. É gratificante escrever para outras pessoas verem. O meu poema fala sobre o desmatamento das árvores, dos animais. Para isso eu pesquisei mais sobre o desmatamento da Amazônia, como as árvores são importantes”, diz empolgada a estudante.

“Me surpreendeu muito porque a gente sabe da dificuldade de trabalhar a literatura com os alunos, principalmente depois da pandemia, que vieram com déficit de aprendizagem, déficit de leitura, e me surpreendeu muito o interesse à participação deles. Quando a gente fala do gênero poema, precisamos falar de inspiração, e os alunos demonstraram grande capacidade escritora, todos muito inspirados a escrever sobre o tema, e tem sido fantástico desenvolver esse projeto com eles na escola. Fomentar esse desejo de pertencimento à região amazônica, a nossa escola que é periférica, que fica basicamente às margens do Rio Maguari, ali em Ananindeua, e fazer com que eles se sintam pertencentes ao território amazônico, porque saber que eles precisam preservar, que eles precisam se sentir inseridos como agentes da preservação ambiental, é muito importante”, comenta uma das professoras do projeto, Sarah Souza.

Os estudantes do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) Campo, de Santa Izabel do Pará e Salvaterra, também expuseram as atividades desenvolvidas com seus professores. Por meio dessa modalidade de ensino que oferta educação direcionada para especificidades rurais das localidades.

Em Santa Izabel do Pará, Região de Integração Guamá, o projeto “Entomologia na EJA Campo” oportunizou aos estudantes aulas de observações práticas em suas comunidades para analisar insetos dessas regiões que residem, um estudo essencial para compreender na prática o ecossistema local e fomentar a sustentabilidade no campo. No estande da Seduc, as pesquisas dos estudantes foram expostas para o público, que pôde apreciar um mostruário de espécies de insetos, além de poder analisá-los em microscópio.

“O objetivo é que os estudantes conheçam a realidade amazônica a partir dos insetos, então estamos ensinando técnicas de coleta, de montagem e armazenamento dos insetos e depois os alunos estudaram cada inseto. Eles fizeram os desenhos científicos dos insetos, também falamos sobre o declínio dos insetos no mundo, principalmente na Amazônia, e estamos falando também sobre a importância dos insetos na nossa vida, é muito importante, se muitos deixarem de existir, como por exemplo a abelha, muitos alimentos vão deixar de existir na nossa mesa”, explicou a professora Alessandra Lopes.

Já em Salvaterra, região do Marajó, a primeira turma EJA Campo especificamente quilombola da Escola Ademar Nunes Vasconcelos, teve seu trabalho sobre “Alimentação saudável e plantas medicinais” à disposição para o público da Feira.

O projeto começou nos anos iniciais da educação e expandiu-se para o ensino médio, a partir da percepção da escola sobre a realidade das crianças, sendo muitas filhas, netas, sobrinhas de estudantes do EJA Campo, promovendo resistência do conhecimento ancestral e soberania alimentar para famílias da região através do plantio de hortas, e de árvores frutíferas como o açaí. Esta atividade prática é o Projeto Pessoal do Estudante (PPE), um trabalho escolar que avalia o desempenho de cada um, apresentado no final do período letivo do EJA Campo.

“A gente achou uma maneira de colocar esse projeto, para que pudesse ser trabalhado de uma maneira qualificada, onde participasse a família. A nossa intenção com esse projeto de alimentação saudável, justamente parte de um princípio de soberania alimentar, porque dentro dos territórios quilombolas, das comunidades tradicionais, a gente vê que ainda tem muito da alimentação saudável, mas as crianças estão perdendo esse hábito alimentar a partir do que elas estão consumindo como primeiro alimento dentro da escola, então a gente trabalhando isso dentro da escola, a gente vai conseguir manter mais tempo essa soberania alimentar dentro do território, e também as plantas medicinais, plantas ancestrais, que são plantas de proteção, plantas de chá, porque  também está se perdendo, principalmente com as perdas territoriais. Falamos também sobre território, porque sem ele não tem como ter soberania alimentar, não tem como ter plantas ancestrais e medicinais”, explica o professor à frente do projeto, José Luis Souza.   

As exposições, os diálogos e as atividades do estande da Seduc na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro continuam até o próximo domingo (25).

 

Texto: Amanda Oliveira / Ascom Seduc