Bahia
19.10.2020A professora Moselene Costa dos Reis, 48 anos, que atualmente leciona as
disciplinas de Química e Iniciação Científica, no Colégio Estadual
Cosme de Farias, em Salvador, vem, ao longo de sua trajetória,
estimulando os estudantes a desenvolverem o pensamento cientifico
através do estudo de fatos da realidade local. Seu objetivo é fortalecer
o seu senso de pertencimento, revelando-os, consequentemente, como
protagonistas juvenis. Para ela, ser professora "é renovar a esperança
dos estudantes diariamente e mostrar que, através do conhecimento, eles
podem se libertar e chegar em qualquer lugar, pois não existe limitação
para o saber".
Sua trajetória na rede estadual de ensino foi iniciada em 2006, no
Colégio Estadual de Plataforma (CEP), onde permaneceu até o ano de 2012.
Logo em seguida, atuou como formadora do Programa Ciência na Escola
(PCE), através do Instituto Anísio Teixeira (IAT), onde ministrou curso
de formação para professores das diversas áreas de conhecimento, em toda
a Bahia. Além disso, colaborou na organização da Feira de Ciências,
Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA), evento realizado
anualmente pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), tendo
atuado, também, como avaliadora dos projetos científicos selecionados.
Após a experiência adquirida nos projetos do IAT, a educadora voltou a
lecionar no Colégio Estadual de Plataforma (CEP), em 2016, onde fundou o
Clube de Ciências do CEP, como forma de propagar todo o conhecimento
adquirido. "Como resultado do clube, temos uma estudante fazendo
Pedagogia na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e atuando
como bolsista de iniciação cientifica nessa instituição e, também, um
estudante que foi aprovado para o IFBA (Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia) e que até hoje participa das atividades
no clube. Essa escola foi um verdadeiro laboratório para mim e para
esses estudantes e a guardarei sempre no meu coração, pois lá fui bem
acolhida. Os estudantes também acolheram com bastante entusiasmo as
propostas que levei para eles. A nossa relação era de companheirismo,
amizade, respeito e gratidão. Aprendemos muitas coisas juntos",
relembra, com carinho.
Na atual escola, onde ingressou pouco antes da pandemia do Coronavírus,
Moselene afirmou que foi igualmente bem acolhida pela comunidade escolar. "Estamos nos aproximando ainda mais, através da criação do
grupo no WhatsApp, onde posto bastante atividades que eles possam fazer
durante este período, a exemplo de aulões para o ENEM (Exame Nacional do
Ensino Médio) e lives sobre temáticas que considero de suma importância
para o aprendizado deles. Desta maneira, estou conseguindo estabelecer a
minha sedução pedagógica para poder atraí-los e conseguir fundar um
Clube de Ciências nesse colégio. O engraçado é que fui lecionar na
escola que fica localizada no bairro que eu nasci e me criei. É como se
fosse uma forma de dar uma devolutiva para essa comunidade que tanto me
ajudou na minha formação humana", diz, entusiasmada.
Monselene revelou qual tem sido o seu desafio frente a este "novo
normal", ocasionado pela pandemia. "Estou colocando em prática todos os
conhecimentos que obtive nos cursos que fiz sobre mídias e novas
tecnologias, para poder vencer os obstáculos da distância com meus
alunos. Realmente, está sendo um aprendizado bastante significativo.
Entretanto, sinto falta do contato com os alunos, colegas e
funcionários; de estar perto deles, abraçar, reclamar, beijar; enfim, do
contato físico", admite.
Sobre ser professora, ela ressalta que se sente realizada com a
profissão. "Sempre quis ser educadora. Nunca me vi fazendo outra coisa.
Minha inspiração eram meus professores favoritos, que me estimulavam a
buscar sempre o melhor de mim. Amo ser professora. Posso dizer que venci
na vida com a minha profissão. Como em qualquer outra, temos desafios a
serem enfrentados. Mas, qual profissão que não tem? São esses desafios
que nos ajudam a valorizar as vitórias. Elas ficam mais saborosas.
Continuo estudando sempre e, depois do mestrado, farei doutorado e
pós-doc", planeja.
A educadora também deixou uma mensagem de esperança, na crença de que
tudo isso logo vai passar e todos estarão convivendo e aprendendo juntos
novamente. "Que sejamos sempre otimistas e continuemos mantendo o foco
em nossos projetos. Que nunca esqueçamos de sonhar e batalhar para a
realização dos nossos sonhos. Foco e meta sempre".
Reportagem: Emersom Santos