Alagoas
16.10.2024Decretado feriado escolar no ano de 1963, o Dia do Professor tem sido, desde muito antes, motivo de festa e comemoração. Para homenagear essas figuras tão importantes e, quem sabe, inspirar a nova geração a buscar esta profissão, nada melhor do que contar a história de educadores que fazem a diferença.
Nesta segunda reportagem da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em homenagem à data, conheceremos Juliana Fernandes, atual gestora da Escola Estadual Professora Edleuza Oliveira, de São Miguel dos Campos, que, no início do ano, viralizou nas redes sociais graças a um vídeo onde seus alunos encontrara uma maneira inusitada de convidá-la para ser a madrinha da turma de concluintes de 2024.
Início da profissão
Juliana começou a lecionar enquanto ainda cursava o ensino médio. Seu professor da época brincava que ela era sua monitora de classe, pois promovia reforço para seus colegas. Isso fez com que descobrisse e acreditasse em seu potencial. Aos 18 anos ingressou na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), no curso de Matemática. Ela foi uma das 4 mulheres de uma turma de 45 estudantes. Em 2009, durante o quarto período do curso, conseguiu um trabalho em uma escola particular, onde permaneceu pelos 8 anos seguintes.
Em um ambiente predominantemente masculino, venceu o preconceito e quebrou tabus, realizando o seu sonho e sendo uma dentre os cinco estudantes que concluíram a graduação - três delas sendo mulheres. “Ainda tem esse preconceito muito grande por acreditarem que mulher só pertence à área de humanas, mas estamos ganhando espaço. Se acreditamos que podemos fazer, faremos e seguiremos conquistando o que quisermos”, frisa Juliana.
A caminho das conquistas
Em 2018, prestou seu primeiro concurso e planejou sua gravidez. Conseguiu conquistar os dois feitos: seu tão sonhado filho e seu cargo no Estado. Há dois anos e meio na gestão da Escola Estadual Professora Edleuza Oliveira, vem fazendo a diferença na vida de seus alunos.
Estudante da 3ª série do ensino médio, Beatriz Gomes relata como a gestão de Juliana e a relação mais humanizada entre aluno e professor conseguiu fazer com que ela realmente sentisse que a escola era sua segunda casa. Em Juliana, ela havia encontrado uma segunda mãe.
"Ela sempre consegue contornar as situações mais difíceis e, mesmo sendo muito ocupada, sempre tem tempo para nos dar atenção. Ela nos conhece tão bem que às vezes nem precisamos ir até ela, ela nos procura quando percebe que algo está errado", conta Beatriz.
Relação entre aluno e professor
Encontrar professores que constroem uma relação para além da sala de aula pode mudar a vida de muitos estudantes e evitar a evasão escolar. David Mota, também da 3ª série do ensino médio, frisa que, antes de ter Juliana como professora, não tinha tanto interesse em matemática. Após conhecê-la, conseguiu melhorar suas notas e passou a ter mais interesse em estar na instituição por saber que tinha na gestora uma amiga que o acolhe.
“O que mais admiro na Juliana é a sua ética. Isso me inspira como ser humano. E apesar de ser amiga dos alunos, ela sabe impor limites e nos aconselhar da melhor forma possível. Isso nos mantém por perto, pois temos a certeza de que podemos contar com ela sempre que precisarmos”, revela David.
David também destaca a importância de poder mostrar quem ele realmente é para uma figura mais responsável, pois, dessa forma, acredita que tenha melhorado seu desempenho escolar.
"Conhecer melhor os alunos e saber o que acontece para além da porta da escola pode ajudar também o pedagógico, pois o professor vai entender o motivo do estudante ser quem ele é em sala de aula e ajudá-lo de uma forma mais específica para as necessidades que ele tem" frisou.
Pegadinha
Em março deste ano, a turma de David e Beatriz, organizou uma pegadinha que veio a se tornar um vídeo viral na internet. Eles encontraram uma forma inusitada de chamar Juliana para ser madrinha dos formandos 2024: fingiram uma briga entre alunos e, quando ela chegou para desapartar os envolvidos, descobriu estar sendo “trollada” pelos estudantes que, comovidos, convidaram-na para ser a madrinha da turma. O susto inicial deu lugar à emoção.
“A gente sempre quer fazer mais. Eu dou o meu melhor, mas, por eles, ainda acredito que seja pouco e buscarei sempre evoluir”, relata.
Camylle Vitória (sob supervisão) / Ascom Seduc Fotos: Camylle Vitória / Ascom Seduc