Rio Grande do Sul
30.11.2023A terceira edição da Semana Maria da Penha nas Escolas, realizada pela Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc) e o Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (EmFrente, Mulher), do Programa RS Seguro, foi concluída nesta quarta-feira (29/11) no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. A programação do segundo e último dia contou com a entrega de quatro kits de tablets às escolas que causaram impacto local com projetos de combate à violência contra a mulher.
Os projetos desenvolvidos em todas as regiões do estado concorreram em quatro categorias: impacto na comunidade, tecnologia, transversalidade e votação popular. Os trabalhos escolares foram selecionados por uma comissão formada por membros da Seduc e do EmFrente, Mulher. A Escola Armindo Edwino Schwengber, do município de Colorado, venceu a disputa do impacto na comunidade; a premiação na categoria da tecnologia foi entregue à Escola Lucila Nogueira, de Boa Vista das Missões; já a categoria transversalidade ficou para o Instituto Estadual Rio Branco, de Porto Alegre. A votação popular somou mais de 29 mil votos e premiou a Escola Albino Fontin, de Horizontina.
Os equipamentos entregues às escolas devem ser utilizados somente pelos alunos envolvidos na elaboração e desenvolvimento dos projetos, como forma de reconhecimento e incentivo à participação nas atividades.
Manhã tem roda de conversa sobre masculinidade
No turno da manhã, os estudantes e professores presentes no auditório puderam acompanhar uma roda de conversa sobre conceitos de masculinidade com os pesquisadores Elen Barbosa dos Santos e Carlos Antônio da Silva. A mediação foi das servidoras da Seduc Carla Adriana e Helena Martins. O bate-papo abordou diversos temas, desde a equidade de gênero até a discussão sobre a baixa adesão masculina ao “Novembro Azul”.
O dia também contou com apresentação no palco de trabalhos selecionados de várias coordenadorias regionais da educação, além da exposição pelos estudantes dos banners com a explicação dos trabalhos desenvolvidos.
A terceira edição da Semana Maria da Panha teve início nessa terça-feira (28/11). Desde 2021, o evento é realizado com o objetivo de promover o combate à violência contra a mulher, conscientizando alunos e professores na difusão da cultura de proteção à mulher na sociedade.
Para a líder do projeto Ações nas Escolas do Comitê EmFrente, Mulher, idealizador do evento juntamente com a Seduc, a promotora de justiça Daniela Raiser destaca que "A terceira semana Maria da Penha nas escolas vem comprovar a importância das escolas como agentes de transformação da sociedade, discutindo e trazendo questionamentos acerca das violências e das diferenças de gênero que não são inatas, mas construídas culturalmente ao longo de nossa história. Os projetos apresentados demonstram a necessidade desta transformação e como ela é, sim, possível e urgente".
O Instituto Estadual de Educação Barão de Tramandaí já participa do evento pela segunda vez e introduziu em seu calendário de atividades anuais a semana Maria da Penha nas escolas:
"No ano passado, trouxemos alunas do ensino médio que mostraram o quanto a violência doméstica contra a mulher é algo recorrente. Com seriedade, fizemos a escolha do projeto deste ano lembrando a dignidade menstrual como tema principal. O título do trabalho "Eu sou mulher" é simbólico mostrando dentre tantas dificuldades que a mulher enfrenta, também, organicamente, seu corpo exige um cuidado natural e especial, sendo que muitas vezes não é respeitado pelos homens, apesar das políticas públicas, pensadas pelo poder público, para este fim.
As idealizadoras Melissa Lopes, Ana Laura Leites e Nathiele Machado puderam ver através do projeto que é essencial nas escolas públicas e a importância de conhecer a realidade destas meninas que se encontram em situação de pobreza e assim, trazendo formas de combate a precariedade menstrual em seus diversos âmbitos, tais como, conscientização, informação, rede de apoio e kits de higiene de absorventes ecológicos para as estudantes da rede pública do litoral" ressalta o professor Sérgio Moacir Job Lima.
A iniciativa também visa valorizar e reconhecer projetos e ações já realizados nas escolas, além de oferecer conteúdos e reflexões para os participantes através de ações interativas.
Manuela Machado, uma das estudantes que apresentou seu projeto no palco desta edição comenta que "para diversas mulheres, ter a certeza de estar lutando por uma causa justa é de extrema importância, portanto, posso dizer que estar presente na Terceira Semana Maria da Penha como aluna, representando a escola Frederico Kops do município de Sinimbu é muito gratificante. Deixar a lembrança e a certeza de que o futuro, não só meu, mas de todos os jovens presentes está sendo construído de maneira mais humana e empática. Se tornar mulher deveria ser um orgulho e não uma dificuldade, e isso que os projetos e conversas mostraram, o evento foi a construção de um novo caráter para nossos gaúchos em relação à equidade de Gênero e para termos a certeza que essa luta é de todos".