Maranhão
24.05.2021Recentemente, meditei na história de Gideão, da Bíblia, uma das mais surpreendentes e encorajadoras que já descobri nas Escrituras Sagradas. Um juiz a quem Deus confiou liderar um exército de 300 homens que pelejou, vitoriosamente, contra os midianitas. A princípio, eram 32 mil, desses, 22 mil desistiram após o Senhor apregoar que: “Quem for medroso e tímido volte, e retire-se do monte Gileade.” Apenas dez mil ficaram. Mas, para Deus, ainda eram muitos. Então, o Senhor disse: “Faze-os descer às águas, e ali os provarei; [...] Qualquer que lamber as águas com a língua, como faz o cão, a esse porás de um lado; e a todo aquele que se ajoelhar para beber, porás do outro. E foi o número dos que lamberam a água, levando a mão à boca, trezentos homens; mas todo o restante do povo se ajoelhou para beber. Disse ainda o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água vos livrarei, e entregarei os midianitas na tua mão; mas, quanto ao resto do povo, volte cada um ao seu lugar.”
A narrativa bíblica, registrada no livro de Juízes, capítulo 7, trouxe à minha memória a batalha de Termópilas, combate heroico, no qual o rei Leônidas e seus 300 bravos guerreiros espartanos lutaram contra o numeroso exército persa (estima-se 300 mil homens), liderado pelo rei Xerxes. Uma guerra aparentemente desleal, em quantidade, mas que desmoralizou o poderoso império persa pelo sacrifício, total devoção e unidade daqueles homens em defesa de um único propósito, seu território.
Os 300 de Gideão e os 300 de Esparta nos ensinam fabulosas lições de como ser vitorioso, com muitos ou poucos; o importante é estar imbuídos da mesma convicção de que é possível alcançar o alvo. Semelhante às lutas travadas por esses dois exércitos, os dias atuais requerem de nós bravura e união, diante da batalha contra a pandemia da Covid-19, marcada por perdas irreparáveis de vidas e do direito à aprendizagem adequada de uma geração, em idade escolar, que está, há mais de um ano, longe dos espaços educacionais.
Chegou o momento de convocação dos “300” educadores e educadoras do Maranhão – profissionais que, até meados de julho e agosto, estarão imunizados – para uma batalha cívica contra o obscurantismo, o “terraplanismo”, os ataques à educação pública e tantas outras intempéries enfrentadas por todos nós, nesse terrível cenário pandêmico.
É como esse exército que lutaremos o bom combate em nossas escolas, nas salas de aulas, seja de forma remota, híbrida ou presencial, pois é tempo de resgatar a autoestima dos nossos estudantes para o convívio escolar e crença de que é possível, pela educação, serem protagonistas de uma sociedade justa e equânime.
Conclamo todos os profissionais da educação do Maranhão para a luta por uma educação pública de qualidade, capaz de resistir a todo e qualquer ataque que sofrer. Avante!
Felipe Costa Camarão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro Titular do Fórum Nacional de Educação – FNE
Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão