Bahia
26.09.2020A Cátedra de Educação Básica da Universidade de São Paulo (USP)
promoveu, neste sábado (26), um debate com o educador Mozart Neves
Ramos, que abordou o tema das políticas públicas de Educação no país,
considerando as eleições municipais e os efeitos da pandemia do
Coronavírus. O encontro on-line, transmitido ao vivo pelo canal da
Cátedra no Youtube, contou com as participações do secretário da
Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues; do presidente da União dos
Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME); Luiz Miguel Martins Garcia; e
do presidente da Associação Nacional de Política e Administração da
Educação (ANPAE), Romualdo Luiz Portela de Oliveira, sob a coordenação
da pesquisadora da Cátedra de Educação Básica da USP, Bernardete Gatti.
O secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues, destacou a
importância da parceria para fortalecer a educação brasileira. “Esta é
uma agenda muito cara para a gente e que fica muito clara a necessidade
de um grande mutirão em torno do fortalecimento da educação no país e
acho que este movimento da Cátedra traz uma segurança no sentido de
dizer que nós temos parcerias. Temos que ter um fio condutor que garanta
que a política educacional seja de Estado e não de governo, portanto
que continue após a passagem de nós, gestores. Espero que este
compartilhar com a Cátedra possa nos ajudar a fortalecer essa
compreensão de uma educação permanente no Estado brasileiro”.
Titular da Cátedra Sérgio Ferreira, do Polo de Ribeirão Preto do
Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), que sedia a Cátedra da USP, e
ex-reitor da Universidade Federal do Estado de Pernambuco (UFPE), Mozart
Neves Ramos abordou o cenário e apontou algumas soluções e os desafios
atuais impostos na área da Educação, entre os quais o fortalecimento da
relação entre a Educação Básica e o Ensino Superior. “A gente tem que
começar a criar uma agenda orgânica entre a Educação Básica e o Ensino
Superior. Se não enfrentarmos esse hiato entre os dois níveis de ensino,
acredito que o Brasil não vai avançar, pelos menos em vários aspectos
das políticas públicas, entre elas a questão da aprendizagem escolar,
que, juntamente com a redução da desigualdade educacional, é, na minha
opinião, o grande desafio deste país no campo da Educação Básica”.
O palestrante também pontuou os pilares do novo Ensino Médio e a
questão do acesso escolar. “O Ensino Médio tem um papel importante para o
acesso à universidade e eu aposto muito no novo Ensino Médio, mas ele
tem uma complexidade e alguns desafios postos. Mas os pilares que o
compõem, que são flexibilização/diversidade, articulação com o mundo do
trabalho, Educação Integral e Educação em Tempo Integral, são
particularmente, no meu entendimento, centrais para o enfrentamento
dessa questão. O jovem quer uma escola que caiba na vida e ele precisa
ter essa escola para dar sentido à sua vida. Entendo que esse novo
Ensino Médio vai possibilitar o diálogo mais direto com o projeto de
vida do jovem do século XXI".
O presidente da UNDIME, Luiz Miguel Martins Garcia, falou da
necessidade de construir uma agenda orgânica entre a Educação Básica e a
Educação Superior. “Esta é uma questão central para a aprendizagem dos
alunos. E para que a gente possa potencializar este processo, temos que
promover esta simbiose e aprender uns com os outros. Entendo que a rede
de Educação Básica precisa aprender com a academia a pesquisar o
cotidiano na perspectiva de gerar cidadãos críticos. O Ensino Superior,
por sua vez, precisa aprender com o professor que está na sala de aula
da Educação Básica o desafio de ensinar e aprender nos diferentes
contextos da nossa diversidade. O regime de colaboração também é outro
ponto importante dessa construção conjunta, seja da Educação Básica com o
Ensino Superior, seja entres os entes federados. Não dá para pensar em
um esforço de educação que seja fragmentado”.
Três aspectos relacionados ao momento atual foram destacados pelo
presidente da ANPAE, Romualdo Luiz Portela de Oliveira: ampliação da
desigualdade de acesso e, consequentemente, aumento da evasão escolar;
perda de recursos para a Educação; e o crescimento do trabalho remoto
no pós-pandemia. “A desigualdade do acesso já ficou evidente, vamos ter
problema de evasão e isto tem um viés regressivo muito grande. Com a
crise econômica que vem junto a este momento, vamos ter perda de
recursos para a Educação e precisamos discutir o que vamos fazer. O
trabalho remoto, por sua vez, vai se incorporar ao trabalho presencial.
Essas três questões são desafios que teremos dentro de um cenário muito
complexo que vamos ter daqui para a frente”.
O evento, aberto pelo diretor do IEA-USP, Guilherme Ary Plonski, e pela
representante do Itaú Social, Angela Dannemann, contou com a
participação de diversos professores doutores, entre os quais Naomar
Almeida Filho (UFBA/Cátedra/USP).
Sobre a Cátedra da USP – Criada em 2019, a Cátedra de
Educação Básica da USP é uma parceria do Instituto de Estudos Avançados
(IEA-USP) com a Fundação Itaú para Educação e Cultura. A Cátedra oferece
seminários e cursos gratuitos, com atestados de participação, para
professores, estudantes e interessados no tema. Os vídeos das atividades
realizadas estão disponíveis no site https://www.catedraeducacaousp.org/ e no canal do Youtube da Cátedra.