Bahia
11.02.2020Levar água potável para regiões que sofrem com a escassez e constantemente consomem água salobra e contaminada. Essa é a ideia de um grupo de estudantes do município de Campo Formoso, no Norte da Bahia, que busca fornecer uma qualidade de vida melhor para a população, em especial à comunidade de São Tomé, que sofre danos na saúde devido à falta de água potável. Davi Fernandes, Diogo de Andrade, Gian Silva e Samuel da Silva, orientados pela professora Keiliane de Oliveira, desenvolveram um dessalinizador solar com o objetivo de torná-lo uma solução sustentável para a comunidade que enfrenta longas estiagens.
Os estudantes do Colégio Estadual Quilombola de São Tomé criaram a tecnologia baseado em um projeto de baixo custo que utiliza o princípio da evaporação para gerar água potável. A orientadora Keiliane de Oliveira explica que o processo consiste na absorção da radiação solar que transfere energia para a água por condução térmica, levando à evaporação para que a água possa ser consumida. “Assim, o protótipo tem capacidade para produzir água potável sem uso de eletricidade e livre de produtos químicos, utilizando matérias de baixo custo como canos de PVC e vasilhas plásticas e lona”, destacou. Ela acrescenta que o projeto surgiu a partir de uma inquietação com a realidade local, pois, nos bebedouros da escola, a água é salobra, assim como em diversas residências.
De acordo com os estudantes, o maior diferencial deste projeto é a sua acessibilidade. Davi Fernandes afirma que “ele pode ser reproduzido com os materiais disponíveis em casa, não precisa ter altos recursos financeiros”. Já o estudante Diogo de Andrade ressalta que “o trabalho é uma forma viável, por utilizar energia solar e tem potencial para atender as diversas necessidades hídricas das famílias que vivem no Semiárido Brasileiro”.
Segundo Gian Silva, membro do grupo de pesquisa, a expectativa é que a divulgação do projeto ajude a dar visibilidade para que eles possam adquirir mais recursos para atingir o objetivo final, de levar água de qualidade para as comunidades. No momento, eles não possuem parcerias e julgam que a dificuldade de acesso à comunidade, realizada através de estrada de chão, a cerca de 86 km da cidade de Campo Formoso, é um dos principais obstáculos para conseguir apoio.
“Nós montamos os protótipos com recursos próprios, trabalhando de forma interdisciplinar para criar algo sustentável e viável. O projeto encontra-se em fase de ampliação, para aumentar a capacidade de gerar mais água diária. Além disso, estamos elaborando oficinas para divulgar e ensinar como montar o protótipo para as demais comunidades”, concluiu Samuel da Silva.
Fonte: Secti