Bahia
23.08.2021Uma dupla de estudantes do município de Teixeira de Freitas, localizado no Extremo Sul da Bahia, desenvolveu um projeto que permite a fabricação de um bioplástico que pode ser usado para uma série de produtos sustentáveis com menor impacto ambiental. Intitulado “Biocia: bioplástico da casca de melancia”, o trabalho desenvolvido dentro do Programa Ciência na Escola, da Secretaria da Educação do Estado (SEC), por Liliane Dias e Fernanda Novaes, ambas do curso técnico de nível médio em Química, do Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) Extremo Sul, trouxe a opção da produção de um canudo comestível e biodegradável.
De acordo com Liliane, 19, o projeto foi iniciado há três anos e
apresentado na 8ª Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação
(FECIBA), em 2019, encontro também realizado pela SEC. Mas com o
aprimoramento das pesquisas, a ideia de focar na produção do biocanudo
surgiu a partir de uma reportagem sobre a poluição marinha com os
plásticos convencionais. “Encontramos na melancia, um fruto produzido em
larga escala em nosso município, a pectina, que é uma macromolécula de
polímero natural, presente nas cascas das frutas, legumes e verduras.
Com a produção, conseguimos aprimorar, adicionando impermeabilidade e
produzir o biocanudo, que resiste a mais de oito horas em contato com o
líquido e decompõe no solo em até sete dias”.
Para Fernanda, 20, a experiência científica propiciada pelo projeto é
enriquecedora. “A sensação de trazer uma nova possibilidade para
minimizar os danos causados pelos plásticos convencionais é de esperança
por um futuro melhor. Reduzir a produção do lixo é necessária para um
meio ambiente harmônico e sustentável, porém vale ressaltar que a
mudança deve estar nas atitudes de todos”.
A professora e orientadora Franciele Soares relembra a trajetória das
duas pesquisadoras. “No começo, chegou a ser um filme moldável e muito
rústico, que se degradava facilmente em ambiente úmido. De 2020 a 2021,
chegamos a um biofilme mais delicado, com coloração sólida. Ter um
produto sustentável criado por minhas alunas, utilizando como base um
material em abundância em nosso território de identidade, nos dá a
certeza de que a ciência também se faz na Educação Básica”.
Com os avanços das pesquisas, as estudantes querem apresentar o
projeto, neste ano, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia
(FEBRACE) e levar o produto para uma produção, inserindo a tecnologia no
mercado. “Nosso maior sonho é ver essa tecnologia sendo produzida em
escala e termos os canudos e materiais com o bioplástico sendo
comercializados em todos os locais. Além de gerar emprego e renda,
estaríamos contribuindo com o meio ambiente com produtos sustentáveis”,
disse Fernanda.