A educação como ferramenta de integração social das pessoas privadas de liberdade é parte da política do trabalho desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), em parceria com a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju). Essa iniciativa tem colhido bons frutos. Um exemplo disso é o estudante A.A.R.S., que foi aprovado para cursar Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Arraias, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). 

O estudante A.A.R.S. cumpre pena na Unidade Penal de Arraias, onde funciona uma extensão do Colégio Estadual Silva Dourado e obteve a melhor nota na redação do Exame Nacional do Ensino Médio, entre as pessoas atendidas pela Seduc, dentro das unidades penais do Tocantins. Ele obteve 720 pontos na sua produção textual. 

A coordenadora pedagógica da escola, Claudinéa Campos Figuerêdo, explicou a proposta do trabalho desenvolvido na unidade prisional. “Para além dos conteúdos, realizamos um trabalho socioemocional. Os nossos professores são mediadores de sonhos e trabalham com foco no desenvolvimento integral dos estudantes, trabalhando o projeto de vida de cada um e restabelecendo focos e metas”, pontuou. 

Ainda de acordo com Claudinéa Campos, a conquista é um estímulo para todos os profissionais. “Essa vitória gera em toda a equipe um contentamento muito grande, que nos estimula a continuarmos buscando caminhos que possam fazer com que cada aluno alcance resultados positivos. Para isso, inclusive, desenvolvemos projetos específicos para os estudantes que atendemos na extensão da unidade penal”.  

O diretor da Unidade Penal de Arraias, Myller Bispo de Assis, destacou a importância do trabalho realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes. “Acreditamos muito na ressocialização por meio do trabalho e da educação. Assim, a nossa atuação, juntamente com os profissionais da escola, tem obtido resultado altamente positivo”. 

Myller Bispo de Assis exemplificou que outros três custodiados da Unidade Prisional já conquistaram vagas em cursos superiores da UFT. “No curso de Direito, no curso de Educação do Campo e Matemática. Junto com a Secretaria de Educação [Juventude e Esportes] não temos medido esforços para melhorar os resultados”. 

Entre outros projetos desenvolvidos pelo Colégio Estadual Silva Dourado, está a fabricação de vasos de cimento, que são vendidos para a comunidade arraiana e a implementação de hortas, cuja produção é utilizada para o consumo dos custodiados e profissionais que atuam na unidade prisional. Aliando assim, o aprendizado com a prática. 

Também são desenvolvidos, na unidade prisional, um projeto de alfabetização que é voltado para as pessoas que não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever na idade certa; atividades culturais e emocionais que visam estimular o bem-estar entre os estudantes que se encontram privados de liberdade. 

Por meio do Reeduca Tocantins, fruto de uma parceria entre a Seciju e a Seduc, as pessoas privadas de liberdade atuam na reforma de unidades de ensino. Um passo importante em projetos de ressocialização, aliados às práticas de remição de pena, que reduzem o tempo do cárcere por meio do trabalho.