Escolas da 11ª CRE utilizam plataformas para criar projetos de leitura

RS

30.06.2021

Sem a leitura, somos seres sem imaginação, seres que vivem a rotina dos dias sem perceber que a vida é mais do que aquilo que os olhos veem!”. A fala da secundarista do 1° ano da Escola Estadual de Ensino Médio Ildefonso Simões Lopes (11ª CRE), de Osório, Laura Vieira Farina, comprova o envolvimento dos alunos da rede estadual com as oportunidades que o mundo dos livros tem a oferecer.

Ela é uma dos pelo menos 60 estudantes da professora de Língua Portuguesa e Literatura, Victoria Assis, a trabalhar com a plataforma de leitura Árvore, uma biblioteca digital com 30 mil títulos disponibilizada pela Secretaria da Educação do RS. Para Laura, a plataforma facilita o acesso à leitura. “Quem não possui condições para comprar um livro, ou até mesmo quem não tem disponibilidade para adquirir um, consegue acesso no conforto de sua casa”, pondera.

O projeto Diário de Leitura surgiu em junho de 2020, quando os alunos tiveram que estudar de forma remota por conta da pandemia, rendeu bons frutos e está se repetindo neste ano. A partir da leitura de obras de sua preferência na plataforma, os alunos tiveram que escrever, de maneira informal, como se estivessem contando a um amigo suas impressões, dúvidas e comentários sobre os livros escolhidos. Eles também puderam diagramar as páginas e a capa do diário. Segundo a professora Victoria, essa autonomia é essencial para o sucesso do projeto. “A ideia é que o leitor seja protagonista e assuma um papel ativo na sua aprendizagem”, reflete. Os estudantes puderam ainda relacionar as leituras a músicas, poesias e outras expressões artísticas.

A educadora ressalta que a disponibilidade dos livros na plataforma Árvore, além de possibilitar uma companhia aos estudantes durante o isolamento, incentivou o hábito em quem ainda não havia sido instigado. Esse foi o caso, por exemplo, da estudante Victória Padilha dos Santos, que optou pelo livro Os Bridgertons - o Duque e eu. Quando criança, ela não foi estimulada à leitura. “Isso faz com que eu tenha um pouco de dificuldade para entender o que alguns livros querem me passar, mas a proposta do diário me ajudou a ter o pleno entendimento do que eu estava lendo. Portanto, temos sempre que ter em mente que nunca é tarde demais para aprendermos algo novo”, considera. Segundo a professora, essa foi uma experiência comum entre os estudantes. “Muitos tinham receio de começar um livro, porque achavam que era muito grande ou porque achavam que não entenderiam e, ao longo do trabalho, eles foram avançando”.

As alunas Laura Costa e Giovana Borges escolheram os livros O leão, a feiticeira e o guarda roupa, de C.S Lewis, e Sherlock Holmes: o cão de Baskerville, de Arthur Conan Doyle, respectivamente, para construírem seus diários. Além de adorarem os enredos de fantasia e suspense, elas afirmam adorar os incentivos da plataforma, como as competições. “Gostamos da contagem de gotas por tempo de leitura, da opção de leitura offline e da possibilidade de visitação aos “jardins” de nossos colegas de classe”, relatam. Os jardins são as árvores que nascem conforme o estudante completa suas leituras. A orientadora do projeto acredita que a diversidade dos gêneros literários e os incentivos são justamente as vantagens do Árvore de Livros. “Muitos relatam que gostam de acompanhar o progresso de leitura dos colegas. O importante é que o aluno leia, pode ser um clássico, pode ser uma literatura infanto-juvenil, desde que ele se sinta estimulado a ir se aprofundando nos livros”, conclui.

Para a vice-diretora Sabrina Batista, a leitura expande o conhecimento e facilita as interpretações. “É fundamental para nossa aprendizagem. Todos os nossos projetos envolvem a leitura como prioridade, inclusive, nas Olímpiadas de Matemática, em que precisamos ler e interpretar. Ler está em tudo”, resume. Conforme o diretor, Edson Silva, é por conta da dedicação do quadro de funcionários da escola que esse projeto é possível. “Os nossos professores têm feito um trabalho fantástico na relação dos alunos com as novas tecnologias. A Árvore propiciou um acesso a obras que, talvez, eles não teriam pelo custo financeiro exigido. A leitura é essencial para expandir o vocabulário dos alunos e ficamos muito felizes em apoiá-los no desenvolvimento intelectual”, finaliza Edson.

Ler é aprender brincando

“Eu gosto do Elefante Letrado porque tem muitas historinhas diferentes”. É com essa simplicidade que a pequena Ana Clara Lasek Alves, estudante do 1° ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual de Ensino Médio Reinaldo Vaccari, de Imbé (11ªCRE), define a sua afinidade com a plataforma digital de literatura infantil, que oferece adaptações e obras de autores como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Martha Medeiros e Irmãos Grimm. Ana Clara está em fase de alfabetização, e a professora Iara Teresinha Deuner Ribeiro conta que ela está bastante avançada no processo. “Ela trabalha muito no Elefante Letrado”.

Iara considera que a plataforma acrescenta à ludicidade de suas aulas. “Sou conhecida como a professora maluquinha, sempre trabalho com muita música, dança e brincadeiras, então a plataforma é ótima para mim”, reflete. Ela relembra que há dois anos, quando lecionava para os estudantes do quinto ano, eles foram os medalhistas do Elefante Letrado, porque ela os incentivava a competir pela pontuação conforme liam as obras. “Todo mundo entra na brincadeira. Eu leio para eles, as mães também leem. Os alunos amam! Todo dia eu leio uma poesia, uma historinha”, se empolga.

Este ano, lidando com a alfabetização dos estudantes do primeiro ano e aliada com propósitos ambientais, a educadora teve a ideia de sugerir que fossem confeccionados brinquedos das histórias contadas através da plataforma a partir de materiais reciclados. “Tudo tem que ser reaproveitado. Eu digo para os alunos que em casa a gente produz muito lixo e que temos que reciclar, então aliamos duas pautas importantes, a leitura e o meio ambiente”, reflete.

Ysadora Sophia Amaral da Rosa já está plenamente alfabetizada e adora utilizar o Elefante Letrado. “Eu aprendo muito e ainda me divirto!”. Recentemente, Iara leu para os alunos O Sítio do Pica-Pau Amarelo pela plataforma, além de mostrar vídeos sobre o clássico no Youtube, e solicitou que os alunos confeccionassem uma Emília, a boneca de pano personagem principal do enredo, com objetos disponíveis em casa, uma receita da Tia Nastácia – bolinhos de chuva e bolos caseiros – e brinquedos ou objetos de estudo com materiais reciclados, como abecedários.

A professora, ganhadora regional do prêmio Aprender e Ensinar 2013, especula que o futuro da educação é cada vez mais online e que, por isso, é imprescindível o uso de bibliotecas digitais nas escolas. Ela também acredita que o apoio da 11ª Coordenadoria Regional de Educação é fundamental para o desenvolvimento do trabalho “Quero que mais professores usem, é um presente! Fico muito feliz que tenhamos este suporte da regional. A Valquíria Abreu, assessora da CRE, criou um grupo nas redes sociais e sempre nos incentiva a utilizar os recursos para promover a leitura a nossos estudantes. Sou muito grata”, acrescenta. Para a diretora da escola, Lenise Goulart da Silva, essas iniciativas são a certeza de que a instituição está fazendo a diferença na vida dos alunos. “Ajuda no desenvolvimento da criatividade, de novos comportamentos e de novas habilidades. Se toda a equipe se une, o sucesso é mais rápido e prazeroso”, acredita.

Árvore

Para os Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a plataforma Árvore conta com um acervo literário com mais de 30 mil obras, recursos pedagógicos para professores e estudantes, além de estímulo e desenvolvimento da leitura em sala de aula. Serão beneficiados 550 mil estudantes.

Elefante Letrado

A plataforma Elefante Letrado foca os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, oferecendo livros, jogos interativos e relatórios de acompanhamento pedagógico de cerca de 250 mil alunos da Rede Estadual de Ensino.