Tocantins
10.08.2021Josélia de Lima/Governo do Tocantins
A professora Neuza Rodrigues da Silva Oliveira (Neuzinha) é uma pessoa que ama a educação, parte de sua vida foi dedicada ao ensino e suas características mais marcantes são a persistência e a inovação. Neste mês de agosto, em que se comemora o seu aniversário (dia 26), o Centro de Internação Provisório de Gurupi (CEIP Sul) fez uma homenagem a essa professora que lecionou na instituição de ensino prisional por 8 anos e deixou muitas lições de vida. A professora Neuzinha se aposentou no primeiro semestre de 2021.
Neuzinha nasceu em Paranavaí, no Paraná, decidiu ser professora, por acreditar no poder transformador da educação. “Escolhi ser professora porque o magistério é uma das atividades mais bonitas, mais apaixonantes, mais gratificantes que existem. Estar na sala de aula cria laços duradouros, podemos ver o desenvolvimento de um aluno e contribuir para que o ensino aconteça de forma prazerosa”, afirmou.
Trajetória
A professora Neuzinha começou atuando na educação como supervisora pedagógica na Diretoria Regional de Educação, Juventude e Esportes de Gurupi, área na qual trabalhou por 22 anos. Em março de 2013, a educadora foi para a Escola Estadual Dr. Waldir Lins/Extensão CEIP Sul, atuar como professora, permaneceu lá por 8 anos, até a aposentadoria.
Foi trabalhando na educação prisional que a professora Neuzinha teve suas maiores lições de vida, cresceu como ser humano, ampliou o seu conhecimento sobre a vida e sobre os dilemas sociais. “Na educação prisional, o desafio não foi só ensinar, mas também promover a ressocialização dos estudantes, harmonizá-los para a convivência em grupo, preparando-os para o retorno à sociedade. São seres humanos necessitados de respeito, carinho e amor. Adorei trabalhar com eles, todos deixaram alguma marca na minha vida, tanto os adolescentes como os socioeducadores e demais servidores da unidade, que me ajudaram a amadurecer e melhorar como profissional”, explicou.
Ela contou que lecionar na educação prisional não foi fácil. De início vem um receio de trabalhar num ambiente cercado de grades, mas com o passar dos dias, ela foi descobrindo histórias, foi se encantando com o poder da transformação que a educação é capaz, poder ajudar muitos jovens a descobrirem novas capacidades e a acreditarem em si mesmos. “Tive muita dificuldade no início, porque precisava adaptar o ensino formal para a realidade do sistema prisional, que precisou de muita criatividade e força de vontade para alcançar os objetivos pré-determinados. E nesse período que ministrei aulas, fui muito feliz e adquiri novos conhecimentos”, frisou.
Momentos de emoção
Na sala de aula, um dos momentos marcantes na vida da professora Neuzinha foi quando acompanhou um aluno com 14 anos e ele não era alfabetizado. “Começamos do zero, ele não conhecia nem as vogais. Portanto, ele não sabia escrever o próprio nome. Foram muitas tentativas de aprendizado. Enfim, fiquei muito emocionada no dia em que ele conseguiu escrever o nome completo, me agradeceu e chorou de alegria”, comentou.
Este foi apenas um momento de fortes emoções, mas, no decorrer dos oito anos de ensino na educação prisional, a professora Neuzinha escutou muitos obrigados por ter ajudado um reeducando a ter uma nova visão sobre a vida.
Geraldo Silva, pedagogo do Centro de Internação Provisória, falou da professora Neuzinha com muito respeito e carinho e destacou a forma como a educadora se relacionava com os alunos. “A sua pedagogia consistia na capacidade de fazer-se presente de forma construtiva na vida dos estudantes, sempre aberta, com sensibilidade para ouvi-los e compreendê-los na perspectiva do apoio socioemocional”, comentou.
O educador Geraldo frisou a necessidade de reconhecer o empenho e todo o trabalho realizado pela professora. “É com alegria e gratidão que reconhecemos o seu trabalho em promover uma educação inclusiva e de valorização dos adolescentes e jovens. Temos a certeza de que a semente foi lançada e os frutos aparecerão, no tempo certo”, destacou.
Eliana Pereira, assistente social do CEIP Sul, citou a forma como a professora Neuzinha desenvolvia os projetos. “Quero agradecer imensamente o trabalho desenvolvido por essa querida educadora, ela desempenhava as suas tarefas com carisma, dedicação e com humildade. Neuzinha é uma pessoa que fez a diferença na vida dos jovens”, ressaltou.
A professora Aretuza Aires Freitas também disse estar emocionada em poder falar da colega Neuzinha. “Agradecemos a Deus por ter colocado essa educadora em nossas vidas, com o seu jeito cativante e suas experiências que nos transmitiu conhecimentos e a alegria de viver. Ela é uma pessoa especial, por isso, gostaríamos de lhe dizer obrigada”, afirmou.
O adolescente C.I.P.G., de 18 anos, foi um dos estudantes que se sentiu valorizado com a atenção que recebia da educadora. “Ela foi uma das melhores professoras que tivemos, sempre cuidadosa, ministrava a aula com amor, carinho e alegria. Queremos agradecer a essa pessoa que nos valorizou”, explicou.
Os trabalhos de educação no Centro de Internação Provisório de Gurupi acontecem por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) e a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju).Entre os projetos que atualmente estão sendo desenvolvidos com os reeducandos está o de Leitores da Liberdade, que promove o incentivo à leitura e o contato com a literatura e com os livros.