Pará
14.12.2022Debater sobre inclusão social nas escolas é sempre muito importante, porque além de ajudar no desenvolvimento da pessoa com deficiência, também torna os estudantes, pais e professores mais conscientes. Pensando nisso, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) realizou nesta terça-feira (13), data em que se comemora o Dia Nacional do Cego, o 10º Ciclo de Palestras da Unidade Educacional Especializada (UEEs) José Álvares de Azevedo.
Com o tema “A arte de educar, acessibilidade tecnológica, qualidade de vida e a pessoa com deficiência visual”, o evento teve o intuito de promover um espaço de reflexão, diálogos e debates científicos. O encontro ocorreu no auditório Prof. Dionísio Hage, prédio-sede da Seduc, em Belém, e transmitida simultaneamente pelo canal no YouTube da secretaria.
Na ocasião, foram discutidos a saúde mental no contexto da pessoa com deficiência visual, educação e acessibilidade no ensino superior, acessibilidade tecnológica, a flexibilização curricular e a deficiência visual, entre outros assuntos. Segundo a diretora da UEEs José Álvares de Azevedo, Lindalva Carvalho, falar de inclusão e do Atendimento Educacional Especializado (AEE) é motivo de muito orgulho.
“Hoje, estamos celebrando principalmente a vida e o 10º Ciclo de Palestras, justamente porque a gente acredita que esses alunos têm potencial e precisam apenas de oportunidade para mostrar à sociedade do que são capazes. Essa temática surgiu por todos os conflitos que nós vivenciamos durante a pandemia e como nós somos uma unidade de referência no atendimento da deficiência visual, é motivo de orgulho saber que estamos aqui para dar a essas pessoas a oportunidade delas se ressocializarem, se readaptarem à vida, porque temos alunos que nasceram cegos e aqueles que ficaram cegos no decorrer da vida”.
Lindalva Carvalho ressalta, ainda, que para definir a temática das formações, primeiro é feita uma escuta pedagógica para saber qual é a necessidade do momento, juntamente com a USE e a Coordenação de Educação Especial (Coees). “Agora, por exemplo, são todos os desafios que a gente encontrou na pandemia, que é a depressão, ansiedade, falta de recursos de acessibilidade, por isso que elegemos essa temática. Porque é essencial discutirmos essas questões em termos de educação e sociedade, o que precisa ser melhorado, para que o nosso público-alvo tenha cada vez mais acesso aos seus direitos”, complementou a dirigente.
A gestora da 2ª Unidade Seduc na Escola (USE), Leila Braga, ressaltou que todos os eventos realizados têm como propósito, auxiliar, qualificar, informar e esclarecer toda a comunidade, sejam eles de educadores, familiares e alunos. “Na Educação Especial, a qual nós estamos cada vez mais nos aprimorando, o Governo do Estado, por meio da Seduc, tem contribuído bastante para que esse aperfeiçoamento seja uma realidade em todo o Pará”, afirmou.
Lançamento - Durante a programação, também houve o lançamento do livro de poemas em braille “Olhar Poético - Bicentenário de In Dependências”. A obra literária foi idealizada pelo escritor, arte-educador e ativista cultural, Victor Meirelles, a partir de uma oficina de escrita criativa e poesia falada do Projeto “Arte Faz Parte - Teatro, Protagonismo e Direitos Humanos”.
O Bicentenário da Independência do Brasil foi a temática principal do livro, sobre o olhar poético das pessoas com deficiência visual e em situação de rua e seus atravessamentos, de várias partes do Brasil. A produção ocorreu de maneira presencial, física e remota, tendo como inspiração o ressoar das frases e palavras que reverberam em cada um dos poetas, suas provocações e reflexões poéticas.
No Pará, o exemplar contou com a participação de dez estudantes da UEEs José Álvares de Azevedo. O professor da rede pública estadual, Ronaldo Alex Raiol de Carvalho, foi um dos responsáveis por introduzir o projeto no espaço de aprendizagem.
O idealizador do livro, Victor Meirelles, conta que o Projeto “Arte Faz Parte, Protagonismo e Direitos Humanos”, foi o que deu origem à obra literária, falando sobre o Bicentenário da 'Independência' do Brasil, sob o olhar poético das pessoas com deficiência visual. “A gente pensou que não poderíamos não abordar, relacionar e encontrar pessoas de outras regiões para esse exemplar. O mais importante era cada vez mais abraçar, ter mais pessoas protagonizando e foi assim entramos em contato com a diretora Lindalva, que nos acolheu, nos abraçou, abraçou o projeto que hoje está aqui, neste ciclo de palestras, tendo sido lançado primeiramente na semana passada, no Museu de Arte do Rio de Janeiro”.
Victor Meirelles conta, ainda, que é uma felicidade imensa ver a dimensão que o projeto tomou. “A gente percebe o quanto a arte é importante na vida do ser humano e como ela pode trazer às pessoas com deficiência visual uma forma de se expor, de colocar para fora tudo aquilo que está guardado dentro de si. Para mim, poeticamente falando, é maravilhoso, é lindo, é pura poesia e contar com a parceria dessas pessoas, aqui do Pará, de São Paulo, de Brasília, foi maravilhoso dividir esse trabalho com todos vocês”, enfatizou.
A escritora e produtora cultural, Yassu Noguchi, foi uma das colaboradoras para a execução da obra literária e ficou muito honrada e feliz por ter sido convidada para o projeto. “O livro nasceu durante o processo de criação de uma oficina, depois de uma orientação com poetas, resultando nos poemas que tiveram o protagonismo como fio condutor, dentre eles o afeto, a escuta, o acolhimento, o estímulo à escrita e a poesia falada”, detalhou.
Texto: Vinícius Leal / Ascom Seduc
Foto: Eliseu Dias / Ascom Seduc