Educação do Pará incentiva vítima de escalpelamento a concluir o Ensino Médio em unidade educacional hospitalar

Pará

13.04.2022

Aos 9 anos, a jovem Raiza Oliveira, moradora do município de Curralinho, na Ilha do Marajó, sofreu um acidente de escalpelamento. Desde então foram inúmeras idas e vindas à Santa Casa, em Belém, onde até hoje, com 19 anos, ela recebe acompanhamento, parte dele, no Espaço Acolher, que hospeda as vítimas desse tipo de acidente e acompanhantes. As vítimas têm a assistência de uma equipe multiprofissional, composta por uma assistente social, uma psicóloga e a equipe de pedagogia da Classe Hospitalar da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

A assistente social da Santa Casa, Luzia Matos, que acompanhou grande parte da história de Raiza Oliveira, comemora com as professoras da Classe Hospitalar a conquista da jovem, concluinte do ensino médio.

“A Raíza veio para cá ainda criança e nós vimos ela crescer e se tornar uma jovem super responsável, inclusive, na comunidade dela, onde ela inclusive atua levando informações sobre a prevenção do acidente de escalpelamento. E hoje ela conseguiu terminar o ensino médio o que é de grande valor para ela e uma conquista que se deve à Classe Hospitalar da Seduc, que tem toda uma metodologia para garantir a essas meninas o aprendizado e acesso ao conhecimento”, conta Luzia Matos.

Raíza aprendeu a valorizar o conhecimento vendo o esforço do pai, Raimundo Oliveira, que acompanhou o tratamento; observando o exemplo de outras jovens que, como ela, também precisaram ficar longe de casa, mas sem desistir dos estudos; e pelo apoio das professoras da classe hospitalar.

“Eu sou grata pelas pessoas que me ajudaram. Eu sei que me esforcei, mas o incentivo que eu recebi aqui das minhas amigas e, principalmente, das professoras foi fundamental para que eu conseguisse terminar o ensino médio. Não foi fácil, não é fácil para nenhuma de nós, mas a gente tem que ter força de vontade, porque é a educação que vai nos garantir um futuro melhor”, afirma Raiza, a quarta estudante da Classe do Espaço Acolher a conseguir concluir o ensino médio.

Atualmente, oito meninas cursam o ensino fundamental e médio e são acompanhadas pelas professoras da Classe Hospitalar no Espaço Acolher. A pedagoga, Denise Mota, afirmou que a conclusão do ensino médio conquistada pela Raíza abre a perspectiva de um futuro melhor.

“Ela sempre foi uma aluna muito aplicada, que tem foco e propósito e que sonha em fazer uma faculdade, e por isso além de ensinar essas meninas, toda a equipe busca sempre incentivá-las, ajudando a superar o sofrimento causado pelo acidente e as dores do tratamento, ficando em contato quando elas viajam para não deixá-las desistir”, disse a pedagoga Denise.

A Classe Hospitalar da Seduc, no Espaço Acolher, possui quatro professoras que se dedicam a dar continuidade às atividades escolares das pacientes, a maior parte vítimas de escalpelamento, que residem em municípios do interior do Estado, durante o período em que elas precisam estar em Belém para o tratamento na Santa Casa. A classe do Espaço Acolher existe desde 2011 e por ela já passaram cerca de 100 pacientes.

Além da Classe Hospitalar do Espaço Acolher, o convênio com a Seduc também garante o funcionamento, desde 2009, da Classe Hospitalar de dentro do hospital da Santa Casa, onde são atendidas por mês cerca de 50 crianças e adolescentes internados nas enfermarias de pediatria e em atendimento no setor de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica.

 

Texto de Etiene Andrade (Ascom - Santa Casa)

Foto: Divulgação