Amazonas
26.07.2024Na reta final da 45ª edição dos Jogos Escolares do Amazonas (JEAs) que reuniu mais de 5 mil alunos atletas, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, destaca uma trajetória de desafios e conquistas, de uma paratleta amazonense. Laiana Rodrigues, 42 anos, iniciou sua trajetória esportiva no JEAs e, este ano, representará o Amazonas e o Brasil nas Paralimpíadas de Paris na modalidade vôlei sentado.
Em sua terceira convocação pela seleção brasileira feminina de vôlei sentado, Laiana irá atrás do ouro nas Paralimpíadas de Paris, que inicia no dia 28 de agosto. Nascida e criada no bairro Armando Mendes, na zona leste de Manaus, a paratleta começou a jogar aos 14 anos, na Escola Estadual de Tempo Integral (EETI) Maria Madalena Santana de Lima. Em sua trajetória, participou dos Jogos Escolares do Amazonas (JEAs) como competidora e, depois, como treinadora.
Atualmente, Laiana mora em São Paulo, mas seu primeiro contato com o esporte e o início de sua história no vôlei se deu na capital amazonense. Após concorrer no JEAs quando estudava na rede estadual e, depois, quando passou a ser aluna do Instituto Batista do Amazonas (IBA), Laiana chegou a integrar a seleção amazonense de voleibol.
“Tenho maravilhosas lembranças, lembro da primeira vez que competi, estava no primeiro ano do Ensino Médio no Maria Madalena, eu nunca tinha saído do bairro. Então, aquilo foi incrível. Nosso professor nos levou à Vila Olímpica, nunca tinha pisado na Vila, então alí tive aquela sensação de realização”, conta a paratleta.
Na época, Laiana ainda não vivia com a deficiência. Foi aos 18 anos, que, após passar por um quadro de dengue hemorrágica, a jovem desenvolveu síndrome de Guillain-Barré, doença em que o sistema imunológico ataca os nervos. Com isso, Laiana precisou recusar diversas propostas para se profissionalizar no esporte.
“Dei uma estagnada. Não tinha como fazer mais nada. Já existiam alguns lugares em vista para treinar, jogar, grandes lugares, mas não consegui naquele momento por ter adquirido a deficiência”, relata Laiana.
Mesmo vivenciando um momento difícil, Laiana não desistiu do esporte e se tornou professora de Educação Física, dando aulas para Pessoas Com Deficiência (PCDs). No período, a educadora também trabalhou na Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped) e foi convidada para participar do JEAs novamente. Dessa vez, como treinadora.
Sempre acompanhada de seu sonho, ao finalizar os cursos de Bocha Paralímpica e Voleibol Sentado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Laiana foi convidada para fazer parte da seleção brasileira feminina de vôlei sentado.
“Como é que a gente vai imaginar o que o futuro reserva, o que Deus proporciona para a gente. De criança, aos 13, 14 anos de idade, começando em uma base de voleibol, dentro de uma escola que às vezes as pessoas nem imaginavam que existia e, de repente, mesmo com a deficiência, cheguei até aqui”, declarou a paratleta.
Trajetória no esporte
Em sua história no esporte, além de participar dos Jogos Paralímpicos, Laiana também já competiu no Pan Americano, nos Jogos Intercontinentais, na Copa do Mundo, no Super Six. Nancy e, recentemente, no Dutch Tournament, na Holanda. A paratleta acumula quatro medalhas de prata e cinco de bronze, e agora vai atrás do ouro em Paris.
Pensando nos alunos que também sonham com uma vida no desporto, a paratleta aconselha que os atletas acreditem no próprio potencial e que tenham sempre personalidade na hora de jogar.
“Lembrá-los que eu também estive em uma edição dessas há muitos anos atrás e, por ter acreditado no esporte educacional, cheguei até aqui. O que aconteceu na minha vida também pode acontecer na de vocês. Acreditem, persistam e sejam vocês mesmos sempre. Tenham personalidade na hora de jogar”, finalizou a educadora.
A 45ª edição do JEAs encerra neste sábado (27/07), com disputas nas modalidades de futebol, karatê e judô.
TEXTO: Maria Eduarda Oliveira
FOTOS: Arquivo Pessoal / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar