No Amapá
01.04.2021Por Caroline Mesquita
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) promoveu na noite desta quarta-feira, 31, a live em alusão ao Dia Mundial de Conscientização sobre Autismo, celebrado no próximo dia 2 de abril. O evento contou com a presença autoridades, especialistas e pais que falaram sobre os cuidados, atividades e orientações para autistas.
O objetivo é estimular pessoas a conhecerem as características do autista e trabalhar a sua inclusão em sociedade, bem como evidenciar as políticas públicas implantadas no Amapá para o público e oportunizar mais conhecimento aos professores da rede estadual quanto às práticas pedagógicas para esses alunos.
Conhecer para identificar
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta uma em cada 160 crianças nascidas no mundo. No Amapá, a rede estadual de ensino possui 4.697 alunos matriculados com algum tipo de necessidade específica, e destes 591 são autistas, a maioria em Macapá (344), em seguida Santana (141), e os outros nos demais municípios.
Para a palestrante Maria Elisa Granchi, psicóloga e mestre em Educação Especial, é necessário sempre que a sociedade pesquise e estude sobre o autismo para identificar os comportamentos da criança e buscar um diagnóstico.
“Não estou dizendo para os professores serem experts no assunto, pois temos profissionais para fazer o diagnóstico; e sim que ao perceber que a criança está com muita dificuldade no desenvolvimento, algo além do normal, não tenha medo de falar aos pais para verificarem”, alertou Granchi.
O TEA é uma série de condições que interferem em algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação ou na linguagem. O transtorno se manifesta na infância e persiste na adolescência e fase adulta. Não tem cura. Portanto, quanto mais cedo for o diagnóstico, a mais chance de desenvolver suas habilidades e autonomia, aumentando o desempenho de suas funções cognitivas.
Diagnóstico difícil
Sheila Suanny é mãe de dois meninos, o mais novo, Gabriel, que atualmente tem 16 anos, recebeu o diagnóstico de autismo quando tinha apenas três anos de idade, ele apresentava características bem diferentes do seu primeiro filho. Ela conta o quanto receber essa informação foi difícil e que a princípio nem quis aceitar o diagnóstico.
“Fui para outro estado, atrás de outros centros e especialistas. Com a confirmação, veio o tratamento e terapias. Apesar de não aceitar e de até rasgar e queimar o laudo na época, desde o diagnóstico, sempre oportunizei o meu filho a tratamento e terapia. Apesar da negação no início, hoje me sinto mais leve em falar sobre”, comentou a mãe do Gabriel.
Políticas públicas
O Amapá avança cada vez mais em leis que proporcionam mais dignidade a comunidade especial. Desde 2015, sancionou a lei de isenção do pagamento do IPVA para autistas ou seus representantes legais; a redução de carga horária no trabalho ao servidor com necessidades especiais, ou pai, mãe, ou responsável legal de pessoa com deficiência física, visual, mental severa ou profunda, ou autismo; e pacote de inclusão e proteção a pessoas do TEA.
Autora desses projetos de lei que tratam do assunto, a deputada estadual Marília Góes (PDT) reforça a importância da implantação de políticas pública para inclusão das pessoas com TEA.
“Dessa forma que poderemos garantir a inclusão real das pessoas com autismo na sociedade. É com muito amor e muita paixão que falo e defendo esse tema. A pessoa com TEA não tem aquele crivo, é de uma verdade absoluta, uma essência. Teríamos uma sociedade muito melhor e fraterna se fossemos assim”, finalizou a deputada.