Pará
20.08.2019O combate à evasão escolar é uma das principais metas do movimento Educa Pará: todos juntos pela garantia do direito de aprender. O movimento é coordenado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e tem como objetivo requalificar as políticas públicas de educação a partir de laços colaborativos com os municípios. Dentro do movimento, o foco é a garantia do direito de aprender, que pressupõe que o aluno tenha direito a estudar e tenha um mínimo de 200 horas de aula ao longo do ano.
Com quase 15% de alunos que abandonaram o ensino médio nos últimos dois anos, o Pará é o quinto estado da federação brasileira em evasão escolar, o que equivale a cerca de 14 mil alunos que começam, mas não retornam aos estudos. Para reverter esses indicadores, a Seduc trabalha a campanha “Fora da escola não pode. Na escola sem aprender também não pode”.
Uma das principais ações é a aplicação dos quadros de infrequência em cada unidade escolar, que identifica os alunos considerados infrequentes. Por meio dessas informações, serão elaboradas planilhas de controle de frequência desses alunos, preenchidas pelos professores durante as aulas e entregues para a supervisão escolar ou profissionais que atuam nesta função na referida escola. “Caso o aluno apresente uma grande quantidade de faltas e a situação de infrequência persista, a escola entrará em contato com a família, por meio de contato telefônico, fichas de acompanhamento e busca ativa”, explica a secretária-adjunta de ensino da Seduc, Ana Paula Renato.
Ela
destaca que a presença da família e o conhecimento da situação de
infrequência do filho são importantes para que se identifiquem as
causas e as medidas para solucionar a evasão escolar.
O quadro
de infrequência fica exposto na entrada da escola com acesso de
todos, ele deve ser preenchido pelos alunos de cada turma, onde é
informado o número de alunos presentes e ausentes, naquele dia. Ao
final da semana, os representantes de turma, com a presença dos
técnicos e professores, realizam o levantamento e no coletivo
decidir as medidas para combater a evasão.
Busca Ativa
Os gestores de USEs e UREs, bem como os diretores das escolas são parceiros fundamentais no controle da infrequência e na busca ativa. Em diversas escolas da rede estadual as ações já estão em curso, resgatando centenas de alunos para a sala de aula. Na Escola Estadual Profa Albanízia de Oliveira Lima, em Belém, por exemplo, o quadro de infrequência já está sendo trabalhado desde maio. A ausência dos alunos é registrada diariamente pelos representantes de turma. “A cada três faltas injustificadas por aluno a coordenação pedagógica parte para a busca ativa, contactando os familiares para saber o motivo das faltas e trazendo o aluno de volta para a escola”, explica a diretora da escola Évila Silva.
Representante da turma do 1º ano do ensino médio na Escola Albinizia, o Nícolas Carvalho, de 18 anos, é quem procura pelos colegas faltosos. Segundo ele, a iniciativa requer insistência e habilidades para convencer os estudantes a retornarem para a sala de aula. Após três meses, a turma reduziu a infrequência de 9 para 4. Além disso, segundo o jovem, se antes o motivo da falta era por mero desinteresse, hoje é mais por compromissos pessoais dos faltosos. “A gente perceve que o colega se sente importante quando recebe a nossa ligação, se sente valorizado e se anima para retornar”, afirma. O Danilo Costa, 17, foi um desses alunos. Após três faltas foi contatado por Nícolas. “Minha mãe saia pro trabalho e eu não conseguia acordar para ir à escola. O Nicolas me ligou e me senti animado pra voltar, nunca ninguém tinha me procurado pra isso. Hoje, tento me policiar não falto mais”, garante. Com 3,5% de evasão em 2018, a meta da Escola é zerar a evasão ainda este ano.