Paraíba
11.03.2020Em cada cantinho da sala de aula tem um método de aprendizagem que vai além de ler e escrever. A matemática fica mais interessante com os materiais artesanais produzidos pelas professoras que ensinam a somar, dividir e multiplicar. A leitura, ainda no meio do ano, se torna uma realidade entre as crianças de seis anos que conseguem não só juntar sílabas e formar palavras, mas são imersas no mundo das histórias dos paradidáticos utilizados.
O método lúdico de aprendizagem do Soma levou uma realidade diferente para a vida dos alunos do 1º ano do ensino fundamental e também dos profissionais da Escola Municipal Epitácio Pessoa, em Pedras de Fogo, na Paraíba. Os professores que um dia foram acostumados a receber alunos no 5º ano sem saber ler e escrever, hoje comemoram a alfabetização de 97% de seus estudantes que saem do 1º ano.
O Soma – Pacto pela aprendizagem da Paraíba é um programa vinculado à Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba, mas que atende não só escolas estaduais, como também escolas municipais dos 1º, 2º, 3º e 5º ano do Ensino Fundamental, visando a melhoria no desempenho de alfabetização dos alunos e a progressão da aprendizagem no Ensino Fundamental. O programa tem 219 municípios pactuados na Paraíba, com 2.788 escolas estaduais e municipais. São 163.603 alunos, 8.734 professores e 256 formadores.
A formadora do Soma no município de Pedras de Fogo, Patrícia Lopes, explicou que o programa redirecionou os educadores a encontrar uma forma mais eficaz de alfabetização. “Os professores tinham uma certa dificuldade em sistematizar isso. Quando chegaram os cadernos que são propostos pelo Soma, trouxeram um norte. Trouxeram um direcionamento para que os professores trabalhassem”, explicou.
Incentivo à leitura
Patrícia acredita que o incentivo à leitura e a forma lúdica de ensinar foi essencial para o sucesso do Soma na cidade. As crianças aprendem brincando e terminam o ano não só alfabetizadas, mas com o amor pela leitura. “Antes do Soma a aprendizagem ocorria, mas de forma um tanto lenta e não tão lúdica. O Soma veio para despertar, para dizer assim: olha o caminho é por aqui, se vocês forem por aqui os resultados serão bem mais produtivos vocês irão atingir os seus objetivos a curto prazo. E é o que está acontecendo”, disse.
A leitura deleite é o primeiro contato que os alunos têm com a literatura. As professoras realizam esse tipo de leitura de forma mais didática, com a entonação e dramatização de cada livro, poema ou música e despertam nos alunos a vontade de aprender. “A gente percebe um interesse, um prazer. E isso vem de um trabalho que é proposto pelo programa. Iniciamos com a leitura deleite. O que é essa leitura? Vem do livro paradidático, vem de uma música, um poema. Isso vai despertando o interesse da criança em ir lá e pegar aquele material explorar e tentar também chegar junto, entender e compreender o que é aquele amontoado de palavras juntas e o que elas podem trazer para a fantasia deles. Eles vão imaginar, relatam depois as histórias e, melhor de tudo, eles reproduzem”, contou.
O amor pela leitura se tornou presente na vida de Beatriz Lima, de seis anos. Há poucos meses no 2º ano do ensino fundamental, ela lembra do seu livro favorito, “Terra costurada com água”, e explica com detalhes a história preferida. “Porque tem duas meninas que elas brincam juntas, mas a outra tinha uma maleta cheia de lápis de cores, mas ela não queria emprestar. Aí a outra foi falar com a mãe dela que teve uma ideia de fazer os brinquedos de barro”.
O livro preferido de Beatriz é um paradidático indicado pelo Soma que foi utilizado de forma lúdica com as crianças de sua turma. A coordenadora pedagógica da escola, Janiere Vieira de Sousa, explicou que durante o estudo dos livros, além da leitura, os alunos recebem atividades práticas. “Muitos deles se identificaram porque na escola eles puderam brincar com o barro em alusão ao livro que estavam lendo. Eles criaram suas próprias esculturas, copos, pratinhos, canecas”, comentou.
Ela explicou que foi a partir da leitura deleite que as crianças começaram a adquirir mais concentração para estudar. “A gente trabalha aqui com vivências didáticas ou sequências didáticas e o próprio livro do Soma também. Uma coisa que me chama atenção é sobre o momento da leitura deleite, que além de trazer a criança uma história nova, uma música ou um poema, também faz com que elas começaram a se concentrar. Hoje, nossos alunos, graças ao Soma, tem um momento para ler. Em qualquer cantinho da sala, é momento para ler”, disse.
Alfabetização na idade certa
A educadora define o momento anterior ao Soma, que teve início em 2017, como um processo complicado de alfabetização das crianças. “Realmente acontecia a alfabetização lenta, muito mais da metade das crianças que passavam do 1º e 2º ano não consolidaram a sua leitura, convencionalmente. Mas, com o Soma a gente viu que tudo ficou mais colorido, ficou mais fácil de entendimento. Hoje, além de nossas crianças, eu vejo nossos professores também alegres. Hoje, eu posso lhe dizer e posso constatar que mais de 97% das nossas crianças do 1º ano saem lendo convencionalmente, alfabetizadas e letradas”.
A evolução dos alunos alegram Janiere, coordenadora pedagógica da escola. Emocionada, ela falou sobre o futuro diferente que os estudantes vão ter, proporcionado pelo conhecimento. “Os nossos alunos não saem daqui da Escola Epitácio da forma que saiam, e muito menos da forma que chegaram. Eu tenho certeza que quando o aluno sair daqui ele vai ser brilhante”, contou.