Maranhão
24.11.2020O movimento Amplia lançou, na última semana, a #AmpliaUEMA, com o apoio de professores da rede estadual do Maranhão, para conectar estudantes pretos, pardos e indígenas a pessoas que querem “apadrinhar” suas inscrições no Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior (PAES-2021), da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). A campanha foca em viabilizar a participação de estudantes que não poderiam pagar a taxa de R$ 85,00. A meta é alcançar, pelo menos, 300 estudantes no Estado até o dia 27 de novembro, data de encerramento das inscrições.
Os estudantes interessados em participar da campanha precisam se inscrever no PAES/UEMA 2021, acessando o site https://www.paes.uema.br/?p=1846, e em seguida preencher o formulário do Movimento Amplia, disponível em: https://bit.ly/ampliaUEMA. A campanha prioriza estudantes que tenham uma renda individual no valor máximo de 3 (três) salários mínimos mensais. Para mais informações, os estudantes podem acessar: estudantes@movimentoamplia.com.br.
Ao se cadastrar, os estudantes devem enviar ao Amplia seu boleto, que será redirecionado para o pagamento por “madrinhas” e “padrinhos”, que se cadastram no mesmo formulário. Empresas também podem participar, contribuindo com doações de inscrições e divulgando a campanha nas redes sociais.
“Vivemos em um mundo desigual. Nossa sociedade carrega profundas marcas de desigualdade ao longo da história. É preciso viabilizar políticas e projetos que diminuam essas marcas e que possibilite uma mudança estrutural no sistema. Essa ação é importante, porque além de garantir o pagamento das inscrições de alunos afrodescendentes e indígenas que perderam o prazo para isenção, também traz a reflexão sobre a garantia do direito ao acesso a uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos os povos. Estamos falando em ocupação de espaço, pertencimento, e sujeitos críticos de sua própria trajetória”, destacou a professora do Centro de Ensino Cruzeiro de Santa Bárbara e umas das incentivadoras da Campanha no Estado, Camila Tavares.
A professora Camila Tavares também expressou a sua satisfação por participar da campanha em prol dos estudantes. “O engajamento e divulgação da campanha pode mudar a realidade desse estudante para que ele não abandone a escola, conclua o ensino médio e tente ingressar em um dos cursos oferecidos pela UEMA. Poder fazer parte desse projeto, estar acompanhando de perto meus alunos, vendo o entusiasmo por uma possibilidade de futuro diferente de suas gerações, não tem preço. É gratificante vê-los motivados, poder ajudar a alcançar esse sonho, ainda mais por serem integrantes da comunidade limítrofe à UEMA. É aí que a extensão universitária faz todo o sentido, quando a comunidade externa passa a ser parte também da comunidade interna, produzindo ensino, pesquisa e extensão”, exprimiu.
A atual campanha se espelha na primeira iniciativa do movimento que, em coro às manifestações antirracistas, propôs a atuação direta de garantir maior acesso de jovens negros e indígenas ao ensino superior por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A ação uniu doadores que pagaram diretamente o boleto do exame a centenas de estudantes que não conseguiram realizar as inscrições sem essa ponte.
Ao todo, os apoiadores pagaram efetivamente R$ 10 mil em boletos, auxiliando todos os alunos que enviaram boletos ao movimento. Entre os estudantes, 93% são negros e 77% são mulheres. A raça foi autodeclarada pelos próprios candidatos via relatório.
O Movimento Amplia é um grupo multidisciplinar que busca aumentar oportunidades para a juventude preta, parda e indígena no Brasil, por meio da educação. As ações têm como objetivo diminuir a desigualdade racial no âmbito educacional, com o apoio da sociedade civil, por meio de campanhas de mobilização; fortalecimento de organizações do terceiro setor, engajadas nas bandeiras da educação e da luta antirracistas; e promoção de campanhas de financiamento.