Rondônia
19.04.2024Na cerimônia de abertura da 2ª Mostra Estudantil de Arte e Cultura Indígena (Maloca), promovida pelo Governo de Rondônia, o público foi surpreendido com a apresentação da versão do Hino Nacional Brasileiro cantado nas línguas indígenas Tikuna e Kambeba, no Teatro Guaporé, na terça-feira (18). A ação, da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), faz parte do incentivo à valorização e ao resgate da cultura dos povos indígenas de Rondônia.
A diversidade cultural de Rondônia foi exaltada durante o evento, que foi marcado pela emoção já desde o início, com a homenagem ao estudante indígena Giliard, da etnia Kaxarari, participante da primeira edição da Maloca em 2023, e que morreu no ano passado. O primo do estudante, Emerson Kaxarari, chamou a atenção durante a homenagem ao se emocionar, vendo o Teatro Guaporé lotado e fazendo um minuto de silêncio. “Foi uma homenagem muito bonita, nosso parente estaria aqui, ele incentivava nosso povo a resgatar nossa cultura”, ressaltou ainda com
O evento reúne ao todo, 130 estudantes e professores indígenas de 25 etnias de todo o Estado: Aikanã, Amondawa, Arara, Arikapu, Cinta Larga, Gavião, Jaboti, Massaca, Kampé, Karitiana, Kaxarari, Kwazá, Kwazá Aikanã, Latundê, Makurap, Mamaindê, Oro Eo, Oro Mon, Oro Nao, Oro Waram, Oro Waram Xjein, Puruborá, Sabane, Suruí e Tupari.
De acordo com a titular da Secretaria de Estado da Educação, Ana Pacini, a Seduc conta com 103 escolas indígenas e 420 professores que atendem um total de 4.105 alunos indígenas, em Rondônia. “A Maloca representa uma oportunidade para reunir esses estudantes indígenas, da Rede Pública Estadual de Ensino, para uma troca de experiências e valorização da cultura ancestral, proporcionando ao público uma imersão na cultura local”, ressaltou.
O gerente indígena Regional da Seduc, Antônio Puroborá explicou que, durante as vivências, a presença do professor, “sabedor indígena” em todas as escolas indígenas, faz com que os jovens busquem conhecer mais a própria cultura. “Os anciãos quase nunca sabem falar ou escrever português, mas conhecem detalhes das diversas culturas e línguas indígenas. Tem-se observado que em algumas etnias, o traço cultural está preservado, mas em outras, os professores e jovens estão fazendo o resgate da cultura”, pontuou.
TRADIÇÕES
O resgate ficou evidente durante as apresentações inscritas por estudantes e professores, para participação na Maloca Estudantil Indígena 2024. Dentre as apresentações, uma palestra falou sobre o grafismo indígena, que é utilizado como forma de expressão cultural e resistência pelos Povos Indígenas. Trajados com roupas tradicionais, adereços e cocares pintados com o grafismo indígena pertencente a cada Povo, os estudantes cantaram músicas ancestrais usadas em vários momentos do dia a dia nas aldeias, em festas e caçadas. Também dançaram e tocaram instrumentos musicais como a “taboca”, uma espécie de flauta indígena, feita com a haste do bambu.
As apresentações foram acompanhadas pelos representantes da Fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira que mantém um projeto de pesquisa sobre a Arte e Cultura dos Povos Originários Regionais e Educação. De acordo com o diretor artístico da Orquestra, o músico búlgaro Nikolay Sapoundjiev, o projeto já é desenvolvido em dez estados brasileiros, e agora também em Rondônia. “Em parceria com o Governo do Estado queremos proporcionar educação musical, aproveitando a riqueza cultural dos povos indígenas”, destacou.
A Maloca continua nesta sexta-feira, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural indígena de Rondônia.
PROGRAMAÇÃO
DIA 19/4
8h30 às 9h30 – Tour Cultural;
10h – Roda de Conversa para professores, no Teatro Guaporé;
10h às 11h45 – Oficina de Teatro, para estudantes;
14h às 15h – Exibições de Cinema;
15h30 às 16h20 – Oficina Audiovisual;
16h30 às 17h – Mostra Cultural: artesanato, exposição, fotografia e pintura