Transporte Escolar
05.11.2019Além dos moradores de Nazaré, a escola atende alunos de outras 13 comunidades que utilizam as voadeiras
A aproximadamente 150 quilômetros de Porto Velho e acesso apenas de barco, navegando pelas barrentas águas do Rio Madeira, Nazaré é um dos mais antigos distritos da capital, onde em um ritmo tranquilo a comunidade vive da pesca, garimpo e roçado.
Na localidade, desde 2013, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Francisco Desmorest Passos atende aos alunos de Nazaré e outras 13 comunidades adjacentes: Papagaios, Conceição, Santa Catarina, Tira Fogo, Boa Vitória, Bom Fim, Pombal, Prainha, Vista Alegre, Laranjal, São José, Curicacas e Lago do Cuniã.
De acordo com o último levantamento feito pela escola, 108 alunos somam 75% do total corpo discente. A relação foi computada antes do ano letivo ser iniciado, no dia 3 de outubro. Atrasadas, as aulas estavam suspensas desde que o transporte escolar aquaviário parou de atender à maioria dos alunos. Com determinação do Ministério Público Estadual, o Governo Rondônia pegou para si a responsabilidade e, em cerca de quatro meses, licitou e contratou uma empresa para com as chamadas “voadeiras” fazer o percurso de ida e volta das comunidades adjacentes até Nazaré.
Crianças e adolescentes enfrentam os barrancos diariamente para pegar a voadeira
Para os alunos que dependem do transporte escolar aquaviário, a ação direcionada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) foi providencial. Jackon Xavier da Costa, 16 anos, disse que “sem a voadeira seria impossível continuar estudando”. O adolescente, que cursa o 8º ano do ensino fundamental, é morador da comunidade de Tira Fogo, a aproximadamente 30 minutos de distância do distrito de Nazaré.
Assim como Jackson, Samuel dos Santos Soares, 16 anos, também mora em Tira Fogo e está na mesma turma.“O transporte é importante para a gente estudar, sem ele não teria como se deslocar até a escola todos os dias”, declarou.
A escola foi inaugurada em março de 2013, e conta com 10 salas de aula refrigeradas, quadra esportiva, salas amplas para a administração, e todos os sábados os servidores promovem atividades envolvendo os alunos. “Temos vários projetos, como Educação Física, Ciências, Ambiental, e isso é muito válido para a integração não só dos alunos com a escola, mas toda a comunidade”, explicou a diretora Ana Laura Camacho Roca.
Maria Evelin Lopes, 14 anos, moradora da comunidade Boa Vitória, se sentiu prejudicada durante o período em que ficou sem aula devido à falta de transporte. “Me prejudicou muito porque ficamos quase um ano parados e atrasou nosso ano letivo, a maioria não é de Nazaré”. Ícaro Alves de Souza Valente, 14 anos, é da mesma turma de Evelin, 8º ano, e também é morador de Boa Vitória.
“Foi muito ruim esse atraso nos estudos, agora vou ter estudar bastante para conseguir passar de ano. Para mim foi muito legal o governo ter reativado o transporte escolar, porque agora eu consigo vir estudar”, disse Ícaro Valente, estudante do 8° ano, morador de Boa Vitória.
Segundo a diretora, o calendário escolar deverá ser resposto com aulas no 6º tempo, e há ainda a proposta da secretaria em estabelecer aulas em contra turno de ensino integral, mas Ana Clara acredita que acrescentando um tempo de aula a mais no horário diário já será possível pagar o período perdido.