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25.09.2019Driblar o nervosismo para discursar contra o trabalho infantil diante de uma plateia internacional formada por representantes de dezenas de países na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (EUA). Esta foi a missão do cearense Felipe Caetano, aluno da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Alda Façanha, em Aquiraz, durante a abertura da reunião do Conselho Executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no último dia 11 de setembro.
O estudante foi convidado pela própria organização para participar como delegado durante o evento. Felipe representou não apenas os alunos cearenses, mas transmitiu a mensagem de todos os jovens do mundo com o objetivo de combater o trabalho infantil, uma pauta, que, segundo ele, ainda é um pouco esquecida. Além do estudante, apenas uma outra adolescente americana discursou sobre o meio ambiente.
“Meu discurso foi sustentado no combate ao trabalho infantil. Existe um nervosismo e tudo. Porém, a sensação de dever cumprido, de que eu estava ali falando para representantes de diversas nações sobre um problema que acontece em todos os países, foi muito maior. Fazer aquele discurso foi algo histórico, que nunca tinha acontecido. Foi bastante importante, principalmente, por permitir que os adultos ouvissem as nossas vozes”, avaliou.
Para Felipe, participar da reunião do Unicef também foi um reconhecimento da militância dele contra a exploração de milhões de crianças, que são obrigadas a trabalhar em todo o mundo. “Eu me senti representando, senti que a minha luta de combater o trabalho infantil vale muito a pena”, afirmou.
Em sua fala, o jovem de 17 anos agiu com a propriedade de quem já teve de trabalhar na infância. Aos 8 anos, ele catava garrafas nas ruas com os primos. Aos 12 anos, ingressou no Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA), ação do Selo UNICEF e, então, mudou a trajetória de vida. “Só a educação e a participação cidadã de crianças e adolescentes serão capazes de mudar o mundo”, disse o cearense no discurso histórico.
Segundo Felipe, o convite do Unicef também é um incentivo para que ele continue com a missão de lutar pelos direitos das crianças e adolescentes. Aluno do 3º ano do Ensino Médio, ele pretende cursar a faculdade de Direito para, depois, ingressar no Ministério Público do Trabalho (MPT). “Eu pretendo seguir a carreira de procurador do trabalho. Então, esse convite foi muito significativo, pois me impulsiona a continuar trilhando esse caminho pelos direitos humanos, contra o trabalho infantil e pelo direito à Educação para todos”, afirmou.
Na busca pelos sonhos, Felipe ressalta o apoio da EEEP Alda Façanha. “Os professores apoiam bastante, desde sempre reconhecem a minha luta e a importância de se debater o trabalho infantil e se valorizar a educação. Então, eu tive muito suporte da gestão também, de todos os professores, toda a estrutura da escola, todos os profissionais, todos sempre em abraçaram, inclusive os próprios alunos, e eu sou muito grato por isso”, reconhece o jovem.
Sobre o incentivo dos colegas da escola, durante a missão no Unicef, ele disse que todos acompanharam a viagem em tempo real e ficaram muito felizes. “Eles disseram que ficaram bastante emocionados e representados com o discurso. Então, eu tenho a sorte de ter amigos que torcem por mim e que também compartilham dos mesmos pensamentos que eu”, elogiou.