Roraima
21.09.2024Com foco na inclusão educacional de estudantes migrantes, o I Seminário Estadual de Práticas Pedagógicas no Contexto da Educação Migratória aconteceu nesta quinta e sexta-feira, 19 e 20, no auditório da Uerr (Universidade Estadual de Roraima).
O evento foi uma realização do Governo de Roraima, por meio da Secretaria de Educação e Desporto, Unicef, em parceria com a União dos Dirigentes Municipais de Educação em Roraima e a Organização dos Professores Indígenas de Roraima.
O seminário reuniu educadores da capital e do interior do Estado, das redes estadual e municipais de ensino, além de gestores e parceiros de instituições nacionais e internacionais, para debater estratégias de alfabetização e letramento no contexto migratório, bem como as conquistas de professores e alunos de diversos perfis localizados em comunidades e vilas distantes das sedes dos municípios.
A secretária adjunta de Educação, Raimunda Rodrigues, destacou a importância de integrar as necessidades dos alunos migrantes nas práticas pedagógicas.
"Os reflexos da pandemia até oje perduram, porque os nossos alunos ficaram dois anos sem ter aulas da forma que nós gostaríamos (aulas presenciais) e isso trouxe um impacto muito negativo na aprendizagem. É responsabilidade de cada um de nós cuidarmos para que os nossos alunos aprendam e tenham realmente aprendizagens significativas. A leitura e a escrita, a alfabetização das crianças são fundamentais para que elas possam desenvolver qualquer um dos outros componentes curriculares”, salientou a secretária.
A coordenadora do seminário, Catarina Padilha, reforçou o objetivo do evento e a importância da participação do público-alvo. “O objetivo desse trabalho foi trazer práticas pedagógicas desenvolvidas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, havendo o compartilhamento de experiências exitosas nos distintos municípios”, afirmou Catarina.
O destaque da noite do dia 19 foi a palestra de Christy Pato, coordenador-geral de Estratégia da Educação Básica do Ministério da Educação, que trouxe uma visão nacional sobre as políticas de recomposição da aprendizagem.
“O maior desafio é por conta das especificidades. Quando eu digo especificidades, não estou falando só das modalidades, mas também das especificidades das variabilidades territoriais. Pensar justamente na diferença do que é fundamental numa capital como Boa Vista ou numa capital como Porto Alegre, por exemplo, é completamente diferente", disse o palestrante.
Além das discussões pedagógicas, o evento também contou com a participação de importantes parceiros. A oficial de Educação do Unicef, Erondina da Silva, instituição parceira do evento, destacou a relevância da educação no contexto das migrações internacionais.
"É muito importante pensar que a crise de aprendizagem é anterior à pandemia. Nós já enfrentávamos problemas graves de aprendizagem antes da pandemia. E num contexto de migração, como o de Roraima, isso se torna ainda mais grave. Temos uma questão que é garantir o acesso dos meninos e meninas venezuelanos, Waraos e de outras etnias indígenas à escola”, completou.
Entre os participantes, a professora Cleudimar Lima, que atua na Escola Estadual Cristóvão Colombo, na zona rural do município de São João da Baliza, falou sobre sua expectativa para o seminário.
“É a primeira vez que participo de um evento como esse. Foi muito bom essa troca de experiências, compartilhar as nossas práticas dentro da sala de aula, aprender e ao mesmo tempo mostrar para os outros colegas que é possível, principalmente para nós, que somos professores de campo e enfrentamos tantas dificuldades. Mas estamos aqui aprendendo”, completou a professora, que apresentou um projeto sobre a prática da leitura.
Ao final do seminário, após as oficinas práticas, mesas redondas e a apresentação de estudos de caso, foi montado um Grupo de Trabalho envolvendo instituições de várias esferas que trabalham com a educação.
JORNALISTA: Layse Menezes
FOTOGRAFIA: Ascom Seed